Para onde você vai quando precisa de respostas? Ao Google? É bem provável que sim. Mas, no passado, as pessoas costumavam ir a centros religiosos – igrejas, sinagogas, mesquitas, terreiros, etc. É claro que a internet não acabou com as religiões. O cristianismo, o islamismo, o budismo continuam por aí, cheios de adeptos.
Mas, a questão é: seria possível unir o método tradicional de busca por respostas – a religião – e o novo modelo – o Google? É possível, sim. A história vivida por Sally Quinn, jornalista e autora de livros, comprova isso. Em um dia comum, ela almoçou com um amigo, Jon Meacham, também jornalista e ganhador do Pulitzer.
Na ocasião, tiveram uma interessante conversa. Ela era uma pessoa sem fé em qualquer divindade. E ele deixou claro: “você não é ateia. Você não entende sobre religião, não tem o direito de falar que não acredita em nada”. E emprestou a ela alguns livros. Sally, ao contrário do que alguns poderiam pensar, leu as obras. Surpreendentemente, a opinião de Sally sobre tudo mudou a partir dali.
Shawn Bose constrói sites, mas sempre foi apaixonado pela história do homem. Por isso, estudou religião e arqueologia. Em determinado momento, ele se perguntou aonde as pessoas vão quando precisam de respostas, quando precisam se conectar. Era obvio: à internet. Mas, a internet não dava a opção de respostas da mesma forma como a religião. E, como afirma, seu maior aprendizado foi como a tecnologia pode trazer soluções para a vida das pessoas.
Nesse ponto ele conheceu Sally e Jon. “A internet pode levar mais informações para as pessoas”, afirma. No caso do site de religião, isso ajuda a encontrar respostas.
Comunidade
“Eu vivo em Washington DC. Um amigo costuma dizer que a cidade é um ponto turístico religioso, porque há sinagogas, igrejas, mesquitas. E as pessoas vão a elas. E mesmo sendo religiosas, as pessoas não falam sobre isso”, diz.
Depois que começou a trabalhar com isso, contudo, Sally percebeu a forma como as pessoas começaram a falar com ela. “Eu tenho a minha opção, mas percebo que cada pessoa tem uma experiencia especifica com o divino – seja ele quem for para cada um de nós”.
A coexistência
Sally viajou o mundo para conhecer todas as religiões e percebeu que existem pontos ruins e bons em todas. “Se você falar para um radical que você escolheu o que queria em cada uma delas, eles ficam bravos, porque querem que você seja como eles”, argumenta. Mas, ela pegou a parte boa de todas.
Como ela conta, o símbolo do onfaith.co é uma árvore. E todos os frutos representam coisas boas de cada religião: “Representa coexistência”, afirma. “E você não acha isso nas igrejas, só na internet. Tenho meus símbolos, minhas crenças, meus amuletos”.
Conhecimento e opções
Bose, por sua vez, comenta que a internet dá mais opções. “no caso da fé, isso me deixa feliz porque consigo seguir tudo o que tenho interesse”, diz. No mesmo sentido, se alguém seguir uma religião, terá essa opção, pois a internet oferece informações.
Sally, então, comenta que Pessach – um dos mais importantes feriados judaicos – está chegando. “E, se você se senta para ouvir e aprender sobre o que isso significa, percebe que não é tão diferente do que você acredita”, diz. “Acho que esse é o poder da comunidade”. Ela afirma que depois da mentoria de Jon, ela aprendeu a importância dos rituais – não necessariamente os tradicionalmente religiosos, mas a importância em encontrar amigos, fazer um jantar, sentar-se e conversar à luz de velas – “sempre precisa haver velas”, ela diz.
Futuro da fé
Jon pergunta se, acreditando em tudo, é possível acreditar em algo de fato. “Quando penso em fé online, penso em como se começa uma jornada”, afirma Bose. Nesse sentido, ele defende que é uma forma de encontrar o caminho que se quer seguir – mesmo que tenha que conhecer todos. “Acho que escolher acho que tem a ver com fé verdadeira”, diz.
Por fim, ele defende que, como especialista em tecnologia, acredita o mais correto para o futuro da fé associada à tecnologia é prover ferramentas e recursos para as pessoas, para que elas possam viver melhor.