Em apenas três anos, Singapura, um dos tigres asiáticos, desenvolveu um dos maios proeminentes ecossistemas de fintechs do mundo. Experimentando e inovando em uma velocidade que acompanha – e aí está a surpresa – a atuação do órgão regulador do país. O mais recente projeto do governo da pequena cidade – estado combina camadas de identidade digital, ciber-segurança, políticas púbicas e infraestrutura de pagamentos baseada em um hub de dados estruturados. As oportunidades e eficiências desse projeto para direcionar negócios e inovações são extraordinárias. O Money 20/20 trouxe esse case excepcional em uma conversa com Pat Patel, Head de Conteúdo Global do Money 20/20 e Sopnendu Mohanty, Chief Fintech Officer da Autoridade Monetária de Singapura com o tema “A regulação da Nova Geração construindo uma economia realmente digital”.
Sopnedu viajou por diversos países, incluindo Bali, Índia e Tailândia, para se inspirar e pensar em como seria responsável construir uma infraestrutura que pudesse permitir o florescimento de uma segmento pujante de fintechs em Singapura. A ideia geral foi construir uma plataforma na nuvem que permitiu captar investimentos de modo acelerado para destinar a projetos inovadores, permitindo que fintechs e bancos se conectassem de modo efetivo e produtivo. Como parece ser uma tendência, as fintechs cada vez mais atuam em ecossistema com os bancos incumbentes para ampliar e diversificar a oferta de serviços disponíveis para os clientes.
Foi uma decisão corajosa chamar a comunidade bancária para suportar a plataforma e aumentar a competitividade do segmento como um todo. O executivo do governo de Singapura é um entusiasta da colaboração e acredita que bons talentos não fazem políticas e nem a usam em benefício próprio. Agora, seu objetivo é conectar mercados emergentes à plataforma. Dubai já se juntou e a América Latina é o objetivo agora e, segundo Sopnendu, já há conversas acontecendo entre as autoridades locais e do continente.
Pat Patel, então, questionou como funciona regulação na base dessa plataforma. Para Sopnendu, o futuro da regulação está na proteção dos dados e na quantidade de atividade digital que cada negócio assume. Quanto maior atividade digital, maiores riscos e proporcionalmente, maior regulação. “Essa é a grande mudança da visão regulatória dos governos”, afirma.
Faz sentido, na medida em que negócios crescentemente digitais capturam maior quantidade de dados e ampliam as fronteiras pelas quais os negócios podem ser atingidos por ameaças diversas e expor vulnerabilidades. A autoridade de Singapura ilustra seu comentário com o colapso de milhares de fintechs na China, que sucumbiram a um mercado com pouca regulação e não trouxeram a segurança esperada para suas inovações.
E qual o valor desse ecossistema de fintechs de Singapura? Para Sopnendu, há ganhos substanciais na qualidade do uso de dados, na melhoria da segurança de infraestrutura, na ampliação da oferta de serviços financeiros, o estímulo a participação de investidores em busca de negócios com alcance global, entre outros. A plataforma de fintechs trouxe valor real para a cidade-estado com o um todo.
Sopnendu também considera que o real valor está na parte B2B do ecossistema. “É nesse tipo de negócio que está o valor, na medida em que ele permite unificar e ampliar oportunidades em toda a cadeia de valor. Veja o Ali Pay: sua força não está realmente no uso pelos consumidores, mas na forma pela qual ele conectou e mobilizou milhões de varejistas e bancos em uma plataforma confiável, gerando negócios e valor por meio de um ecossistema espetacular”.
Para finalizar, o executivo afirma que a ciber-segurança é a questão que o mantém acordado noite após noite. “É o grande desafio de todos os reguladores e de todos que trabalham seriamente com dados”, conclui.