Diga-me como produzes e eu te direi quem és. Essa é a proposta da campanha Por Trás da Marca, parte da Campanha Cresça, da Oxfam, que procura investigar a cadeia de produção das grandes empresas a fim de avaliar suas práticas em alguns quesitos, como:
? Transparência corporativa
? Gênero: trabalhadoras rurais e produtoras em pequena escala na cadeia de suprimento
? Trabalhadores e trabalhadoras rurais na cadeia de suprimento
? Agricultores familiares e de pequena escala produzindo as commodities
? Terras: direitos e acesso à terra, bem como seu uso sustentável
? Água: direitos e acesso aos recursos hídricos e uso sustentável da água
? Clima: redução das emissões de gases de efeito estufa e ajuda aos agricultores para adaptação às mudanças climáticas
O objetivo, segundo a campanha, é construir um mundo em que todas as pessoas tenham comida suficiente para se alimentar bem. Hoje, cerca de 1 a cada 8 pessoas no planeta passa fome. Infelizmente, a maior parte dessas pessoas é composta por produtores ou trabalhadores rurais que trabalham para produzir alimentos e suprir a demanda mundial por comida – mas não tem nem mesmo como alimentar a suas famílias. No entanto, produzimos alimentos em quantidade suficiente para todo mundo. Isso é um absurdo, mas nossa geração pode acabar com essa enorme injustiça.
As maiores indústrias de alimentos e bebidas do mundo têm enorme influência sobre o sistema de produção e distribuição de alimentos. Por isso, as políticas dessas empresas determinam como os alimentos são produzidos, a maneira como os recursos são usados e em que medida os benefícios chegam aos milhões de marginalizados na base de suas cadeias de fornecimento. A avaliação foi feita no primeiro ano do ranking de políticas empresariais da campanha.
As dez empresas avaliadas foram Nestlé, PepsiCo, Unilever, Mondelez, Coca-Cola, Mars, Danone, Associated British Foods (ABF), General Mills e Kellogg?s
A avaliação mostrou que algumas empresas líderes do setor alimentício fizeram grandes avanços para a melhoria de políticas de compras de matérias primas envolvendo toda a cadeia de fornecimento, com impacto nos direitos à terra, direitos das mulheres e na redução das emissões de carbono.
Após pressão feita pela ONG, nove das dez maiores empresas de alimentos e bebidas em todo o mundo melhoraram suas políticas de compras com impactos sociais e ambientais em suas cadeias de fornecimento ao longo dos últimos doze meses. As três empresas com melhor desempenho ? Nestlé (1º lugar), Unilever (2º lugar) e Coca-Cola (3º lugar) ? alcançaram suas posições com as melhores margens, respectivamente 10, 14 e 13%.
Para Simon Ticehurst, diretor da Oxfam no Brasil, ?essas mudanças nas políticas são um primeiro passo rumo a melhores práticas e menos fome, menos pobreza e menos danos ambientais, impactando as comunidades envolvidas na cadeia de fornecimento das empresas do setor alimentício?.
A ABF, Associated British Foods (9º lugar) e a Kellogg?s (8º lugar) melhoraram significativamente, com 8 e 6%, respectivamente. As empresas com desempenho mediano? a Danone (6º lugar, empatado), a Mars (6º lugar, empatado), a Mondelez (4º lugar, empatado) e a PepsiCo (4º lugar, empatado) ? também melhoraram, mas pouco, e precisam fazer muito mais.
Por meio da campanha, os consumidores podem usar o Facebook e o Twitter para pressionar as empresas. “Contate os CEOs diretamente e fale para eles o que você quer mudar na forma como elas fazem negócio. Nós iremos atualizar o Ranking para que você possa ver o impacto das suas ações” é uma das frases que aparece na home page do site que incentiva o empoderamento dos consumidores diante das grandes corporações.
A conclusão é simples: não é mais o mercado que dirige o consumidor, hoje as empresas são obrigadas a seguir o sentido daquilo que os consumidores querem. E na era da sustentabilidade a qualquer preço, é importante avaliar o que é, de fato, viável e o que é mera alegoria sustentável para os pseudoconscientes da histeria verde. Portanto, mais do que nunca, os consumidores precisam aprender a avaliar e as empresas devem profissionalizar suas práticas humanas e ecológicas.