Quem conta um conto ganha um cliente
Contar histórias é parte do que nos faz humanos. Desde os primórdios, as relações sociais passam pela transmissão de conhecimento de forma contextualizada, por meio de parábolas, alegorias e exemplos. Somos ?programados? mentalmente a fixar melhor as informações quando elas vêm embaladas como ?causos? do que quando são apenas dados frios. Uma das grandes contribuições da sociedade moderna para o varejo foi a criação de meganegócios e de uma cultura mais transacional do que relacional, em que ir às compras tradicionalmente supre a necessidade por produtos, mas não o desejo de ouvir boas histórias. A massificação das relações deu margem, ao longo das últimas décadas, a uma cultura baseada no tempo e no dinheiro gastos, reduzindo os consumidores a indicadores de faturamento.Mas isso está mudando. Storytelling é um nome novo para uma prática ancestral, mas continua funcionando tão bem hoje quanto nos tempos das cavernas. E, na esteira da ?contação de histórias?, retomamos valores do tempo de nossos avós: o relacionamento com as pessoas, a alimentação em volta da mesa, pagar mais por algo feito de forma personalizada. Até mesmo uma aliança de casamento (algo intrinsecamente único) ganha novas cores quando feita à mão por um designer que falou com o cliente, projetou com ele o modelo ideal, realizou provas do produto e, já que os tempos exigem, enviou periodicamente fotos pelo Instagram mostrando o andamento do projeto. A mensagem é simples: você é único. Isso encanta. O desafio é transmitir esses valores para negócios que precisam operar em grande escala. Como fazer alguém se sentir único em meio a milhões? Um bom exemplo é a australiana Shoes of Prey, cujo modelo de negócios é baseado na criação de sapatos femininos customizados (online ou na loja conceito em Sydney). Em um caso mais próximo da nossa realidade, a Nike, que em sua plataforma NikeID permite a customização total de calçados, também apresenta a ideia de unicidade no Niike+, o app para corredores que registra as informações dos treinos e, ao compartilhar os dados nas redes sociais, transforma o usuário, por alguns instantes, no Usain Bolt do momento (olha o storytelling aí). Supermercados, farmácias, lojas de materiais de construção: em algum momento do relacionamento com os clientes é possível fazer com que ele sinta-se o protagonista de sua história. É trabalhoso, exige investimento em pessoas e processos, mas cativa.
- Redação
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