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Clientes processam Hermès por condicionar a venda da Birkin

Clientes processam Hermès por condicionar a venda da Birkin

Consumidores afirmam que tentaram comprar a bolsa Birkin, mas foram informados que teriam que comprar outros produtos acessórios da Hermès.

No episódio “Coulda, Woulda, Shoulda” da série “Sex and the City”, a personagem Samantha Jones, interpretada pela atriz Kim Cattrall, visita uma loja da Hermès com o objetivo de comprar a tão sonhada bolsa Birkin. No local, o vendedor aponta que além do valor de US$ 4 mil, há ainda uma lista de espera de cinco anos. Para tentar superar esse obstáculo, Jones tenta convencer o representante de que, na verdade, a bolsa era para sua cliente, a atriz Lucy Liu – que interpreta a si mesma na série –, que recebe a Birkin.

A dura realidade para adquirir uma bolsa Birkin não parece tão distante da ficção assim. Na última semana, dois clientes da boutique francesa Hermès entraram com uma ação judicial contra a marca na Califórnia, nos Estados Unidos. O processo acusa a marca de vender suas famosas bolsas de forma restrita, de forma que os produtos são reservados apenas aos consumidores que gastam grandes quantias em demais itens de vestuário, acessórios e decoração.

Os clientes, Tina Cavalleri e Mark Glinoga, afirmam na ação que a prática viola as leis antitruste dos Estados Unidos. “A singularidade da desejabilidade, a demanda incrível e a baixa oferta das bolsas Birkin conferem aos Réus um poder de mercado incrível”, afirma o documento. “Os Réus implementaram um esquema para explorar esse poder de mercado, exigindo dos consumidores a compra de outros produtos acessórios dos Réus antes de terem a oportunidade de adquirir uma bolsa Birkin. Com esse esquema, os Réus conseguiram aumentar efetivamente o preço das bolsas Birkin e, assim, os lucros obtidos pelos Réus com as bolsas Birkin”.

“Não é só uma bolsa, é uma Birkin”

A bolsa Birkin foi lançada pela primeira vez em 1984. Inspirada na atriz francesa Jane Birkin (1946 – 2023), que atuou em filmes como “Morte Sobre o Nilo”, “Paixão Selvagem” e “Slogan” – esse último inspirado no romance de Jane Birkin com seu marido, Serge Gainsbourg, que também atua no longa. Birkin confirmou que se sentou ao lado de Jean-Louis Dumas, presidente executivo da Hermès, em um voo, quando desenhou o primeiro rascunho da bolsa.

Hoje, a Birkin conta com três modelos disponíveis: a Birkin 35, a maior delas, a Birkin 25, num modelo menor, e a Birkin 30, que inclui uma bolsa removível e que pode ser usada de três formas diferentes. Todas são feitas artesanalmente e podem levar mais de 40 horas para serem produzidas por um único artesão, segundo artigo da casa de leilões Christie’s. O material da bolsa é de um couro legado raro, que passar por um curtimento vegetal. Outras coleções da Birkin levam diferentes materiais.

Os preços de uma bolsa Birkin podem variar entre US$ 10 mil e até mais de US$ 1 milhão – dependendo do modelo e da coleção. Peças vintage podem ser encontradas no mercado secundário por valores tão exorbitantes quanto.

Exclusividade e desejo

Parte do grande apelo das bolsas Birkin está na sua escassez. Os modelos não são vendidos no e-commerce da marca, apenas nas lojas físicas, que nem sempre contam com os itens. Por isso, as listas de espera podem ser tão extensas quanto o descrito na série “Sex and the City”. Segundo os autores do processo contra a Hermès, a alta demanda pelo produto combinada à baixa oferta da bolsa oferece à marca o poder de mercado que explora seus consumidores a comprar outros itens antes de comprarem a bolsa Birkin.

“A maioria dos consumidores nunca verá uma bolsa Birkin na loja de varejo da Hermès”, afirma o documento da ação. “Normalmente, apenas aqueles consumidores considerados dignos de comprar uma bolsa Birkin terão a chance de ver uma bolsa Birkin (em uma sala privada). O consumidor escolhido terá a oportunidade de comprar a bolsa Birkin específica que lhe for mostrada. Os consumidores não podem encomendar uma bolsa Birkin na loja física. Para todos os fins práticos, não há como encomendar uma bolsa no estilo, tamanho, cor, couro e acabamento que um consumidor deseja”.

Tina Cavalleri, uma das autoras da ação, afirma já ter gasto dezenas de milhares de dólares em produtos acessórios da Hermès antes de comprar uma bolsa Birkin. Mas quando decidiu comprar sua segunda, em setembro de 2022, recebeu como resposta que as Birkins são oferecidas a “clientes que têm sido consistentes em apoiar nosso negócio”. Entendendo que teria que gastar ainda mais em produtos acessórios da Hermès, Cavalleri não conseguiu adquirir sua segunda bolsa.

Já Mark Glinoga, quando decidiu adquirir uma Birkin em 2023, recebeu a recomendação de um associado de vendas da marca que deveria comprar demais produtos da Hermès para potencialmente conseguir comprar a bolsa. Glinoga tentou fazer sua aquisição diversas vezes, mas em todas teve como resposta de que deveria comprar mais produtos da marca antes de comprar a bolsa e, assim, ficou sem sua Birkin.

O que diz a lei norte-americana

O processo contra a Hermès aponta que a empresa vinculou ilegalmente suas bolsas Birkin aos produtos acessórios da marca por meio de seu programa de incentivo para associados de vendas. “A disponibilidade das bolsas Birkin está condicionada à compra de produtos acessórios dos Réus pelos clientes”, afirma o documento. “Em outras palavras, os consumidores são coagidos a comprar produtos acessórios dos Réus por desejarem adquirir as bolsas Birkin. Isso constitui uma conduta anticompetitiva de vinculação”.

A ação ainda reforça que as bolsas Birkin são produtos distintos dos produtos acessórios, e que os clientes da marca poderiam escolher comprar os mesmos em outras lojas. Ainda afirma que a Hermès tem poder econômico suficiente no mercado para coagir alguns consumidores em comprar seus produtos acessórios. O processo também cita o Sherman Act, efetivado em 1890 como uma lei antitruste dos Estados Unidos que proíbe monopólios, carteis e trustes.

O documento também menciona o Cartwright Act, que torna ilegal “para qualquer pessoa arrendar ou realizar uma venda ou contrato de venda de bens, mercadorias, máquinas, suprimentos, commodities para uso dentro do Estado, ou fixar um preço cobrado por isso, ou desconto, ou rebate sobre tal preço, com a condição, acordo ou entendimento de que o arrendatário ou comprador não deverá usar ou negociar os bens, mercadorias, máquinas, suprimentos, commodities ou serviços de um concorrente ou concorrentes do locador ou vendedor, onde o efeito de tal arrendamento, venda ou contrato de venda ou tal condição, acordo ou entendimento possa ser o de substancialmente diminuir a concorrência ou tender a criar um monopólio em qualquer linha de comércio ou comércio em qualquer seção do Estado”.

Os clientes que entraram com a ação pedem uma ordem que impeça a Hermès de continuar a se envolver nas práticas citadas, além de uma concessão de restituição, danos e desembolso de lucros aos demandantes uma quantia a ser determinada em julgamento.

*Foto: Camera Rules / Shutterstock.com

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