Semana passada houve um evento em São Paulo, o Expo Favela 2023, organizado pela Favela Holding e CUFA (Central Única das Favelas) que ocupou cinco pavilhões do WTC em São Paulo nos dias 17, 18 e 19 de março.
Foi a primeira vez que compareci a este evento e fiquei impressionada com a sua grandiosidade e a curadoria dos temas que são relevantes para as comunidades e consumidores. Os temas abordados foram empreendedorismo, criatividade, cultura, negócios, tecnologia, educação, diversidade, racismo, desigualdade e o potencial econômico proveniente das diversas favelas. Um dos propósitos da iniciativa é aproximar a favela do asfalto, reduzindo a distância dos dois Brasis.
“A favela é um país que não para de crescer”
– Renato Meireles
(Presidente do Instituto Locomotiva)
A palestra de Renato Meireles do Instituto Locomotiva trouxe uma pesquisa bem recente, denominada “Um país chamado Favela 2023” realizada no início de março de 2023 com mais de 3400 pessoas sobre a realidade e os desafios das favelas no Brasil. O Brasil tem mais de 13.500 comunidades que agregam ao redor de 18 milhões de habitantes em 5,8 milhões de domicílios. O estudo evidencia a desigualdade que marca as favelas no país. Os números falam por si só, pois temos cerca de 29% das pessoas que estão desempregadas, 61% já teve que mentir seu endereço numa entrevista de emprego, 68% das mães não conseguem creches para seus filhos e 54% não tem água encanada.
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Nesse cenário o empreendedorismo passa a ser a forma preferida das pessoas para garantir sua sobrevivência em função de acesso a uma educação de qualidade, falta de oportunidade no mercado de trabalho formal e a necessidade de ter uma renda melhor.
O consumo das favelas alcança cerca de R$ 202 bilhões por ano e se fosse um estado brasileiro representaria o 14º PIB do país (IBGE 2022). Outro dado importante é que existem 5,8 milhões de empreendedores nas favelas. Os negócios existentes nas favelas são diversos, mas os principais: alimentação e refeições como restaurantes e lanchonetes (14%), cuidados com beleza e estética 10% e comércio/manutenção de roupas 8%, revenda de produtos cosméticos 6%, entre outros.
Data Favela 2023 – Palestra de Renato Meireles – 17/03/2023
Por outro lado, as favelas carregam um estigma social de uma visão preconceituosa que a nossa sociedade tem sobre viver nas comunidades. A percepção de quem vive fora e dentro das favelas é bem diferente, a autoimagem que os moradores têm é oposta aos não moradores. Veja o quadro abaixo:
Apesar de ter tido a oportunidade de participar de projetos de desenvolvimento e distribuição de produtos para consumidores das classes C,D e E, quando trabalhava em empresas de bens de consumo, reconheço que existe uma ignorância de muitos profissionais de marketing, insights, pesquisa & desenvolvimento, trade marketing, vendas.
Em função da distância da realidade das pessoas com renda mais baixa, os profissionais têm uma visão distorcida sobre a vida nas comunidades, dificuldade no entendimento das necessidades e desejos dos consumidores das favelas e sobretudo a falta de empatia, ou seja, a habilidade de calçar os sapatos do outro. Volto a um dos propósitos do Expo Favela 2023 de minimizar a distância existente entre a favela e o asfalto, gerando conhecimento para promover a inclusão de milhões de brasileiros.
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