Duas das grandes tendências indicadas pelo Conpenhagen Institute for Futures Studies como algumas das mais importantes para as próximas décadas já estão sendo vivenciadas pelas pessoas no dia a dia. Uma delas é a polarização, caracterizada pela adoção de hábitos e opiniões extremas, além de fortes embates contra tudo o que é diferente – especialmente o pensamento.
A outra, chamada imaterialização, representa a transformação de produtos físicos em serviços imateriais – como Spotify e Netflix, que substituíram CDs e DVDs –, além do ganho de importância de valores imateriais. Ou seja, antes, o significado de uma pessoa era definido pelo que ela tinha. Hoje, o que ela é ganha relevância.
Para tratar sobre esse tema, o CONAREC 2018 reune gênios de diferentes origens. Para mediar o painel, esteve presente o cubano Felipe Chibás Ortiz, Prrofessor Doutor do Centro de Estudos de Avaliação e Mensuração em Comunicação e Marketing (CEACOM) da ECA/USP. No painel, estiveram o dinamarquês Peter Kronstrom, Associated Partner & Head do CIFS Latam; Jeff Burton, CEO e Chairman At Woodside Creek e Edmar Bulla, CEO da Croma.
“Os dois conceitos dessas macrotendências existem há milênios”, afirma Bulla. “Porém, muitas vezes nos perdemos no conceito e não prestamos atenção no cotidiano”. Ou seja, não prestamos atenção no quanto podemos aprender com esse valor: precisamos aprender a lidar com a mudança e a aceitar que é normal passar por elas, sem achar que um extremo ou outro é o lado “certo”.
Nesse sentido, Chibás comenta a importância dos meios termos, que têm se perdido atualmente. “Entendemos um aumento da imaterialização”, explica Kronstrom. “Antigamente, bens materiais eram o que importavam. Hoje, as pessoas buscam experiências”. Ou seja, as pessoas buscam experiencias transformadoras.
Bulla, por sua vez, aponta que, no Brasil, toda a ideia da imaterialização se perde um pouco, porque, para fazer sentido, inclusão econômica seria essencial. “Falamos muito de skills que serão necessárias no futuro, mas os cursos procurados ainda são tradicionais”, diz. Além disso, pessoas ainda buscam preencher necessidades neste País.
Burton, por sua vez, acredita que as pessoas estão procurando satisfação emocional e experiencial. “Uma grande parte do mundo não tem bens materiais, ainda precisam disso”, diz. “Mas, uma vez que você tem o básico em mãos, todos querem ter experiências”. Nesse sentido, ele comenta sobre o uso de Realidade Virtual, uma tendência que pode colaborar com a vida das pessoas, inclusive com o ganho de experiências, e é uma tendência que pode ganhar espaço e relevância.
Quando o assunto é polarização, Bulla defende que ela não é só política: na vida das empresas, uma polarização constante é a separação entre online e offline. Porém, todos concordam que algumas coisas não mudam: a humanidade continua sentindo o que sempre sentiu, ou seja, têm emoções como sempre teve. “Muitas pessoas acham que chegamos ao máximo do desenvolvimento, mas ainda temos muito para ver”, afirma Kronstrom.