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Podemos ir além. Mas qual é o nosso além?

Podemos ir além. Mas qual é o nosso além?

É inevitável. Fenômenos como a mobilidade, o comportamento dos "millenials", o fast retail, as possibilidades do Big Data, a colaboração, o consumidor social e consciente, abriram possibilidades de inovação e redesign nas operações de varejo em uma velocidade jamais vista. Ira Kalish, economista-chefe global da Deloitte Research, em uma apresentação no NRF BIG SHOW, maior evento de varejo do mundo, destacou os 5 modelos de varejo com poder disruptivo que estão direcionando grandes mudanças na paisagem varejista, a partir da combinação de direcionadores como a mobilidade, a velocidade, os dados compartilhados e a integração global. São eles: - Travel Retailing - ou "varejo de viagem", em tradução livre;- O varejo mobile;- O varejo rápido;- O varejo de experiência;- O varejo inovador

 

Em linhas gerais, cada um deles representa uma nova forma de construir negócios a partir de novos contextos transacionais. O varejo de viagem, por exemplo, enfatiza os aeroportos, para atingir um público global de mais de 1 bilhão de viajantes com potencial de consumo de cerca de US$ 1 trilhão! É o sexto continente, formado pelas áreas dos aeroportos mundiais.

O varejo móvel está baseado nos 65% da população global que hoje usam celular. Sistemas de pagamento e transação móveis são criados velozmente e há possibilidades concretas das vendas a partir de dispositivos móveis, dos celulares aos chamados vestíveis (como o recém-lançado Apple Watch e seu sistema Apple Pay), atingirem notáveis US$ 630 bilhões em 3 anos.

O Varejo Rápido/Fast Retailing já é uma realidade. O fast fashion inaugurou a tendência é mudou completamente o mercado de moda (hoje já criou negócios reativos como a Zady, defensora do “slow fashion e da produção quase artesanal”). Mas a lógica da velocidade impôs-se brutalmente sobre o varejo em quase todos os segmentos, como vimos no artigo anterior: “Em busca do tempo perdido (veja no app)”. Ser veloz hoje é uma obrigação de redes varejistas que pretendem sobreviver: giro rápido, lançamentos quase diários de novidades, redução do tempo em cada etapa do contato do cliente com a loja – virtual ou física – são conceitos demandados pelos consumidores, principalmente os millenials. As pop stores e o “same day delivery” (entrega no mesmo dia) estão aí como ilustração.

O varejo de experiência, baseado no Storytelling, na busca pelo engajamento e conexões emocionais com os consumidores também se alinha com a busca por ganhos de tempo. Evidentemente que a busca por conexões emocionais também se alinha com um serviço impecável e eficiente, com propensão a criação de significados para os consumidores.

O varejo inovador representa a aposta em diversos tamanhos, formatos, tecnologias e artigos para venda, bem como operações que combinam e diluem significativamente as fronteiras entre o on e off-line, como Rebeca Minkoff (falaremos mais sobre esta rede em artigos futuros).

Ou seja, novos modelos de varejo pressionam os modelos tradicionais e parecem quase alienígenas para a realidade brasileira. Ainda estamos na fase de discutir vetores de eficiência operacional, de modelos de expansão baseados em franquias e a presença de fortalezas regionais. Ainda assim, mobilidade, engajamento, consumidores sociais e o oceano de dados produzidos pelos consumidores em suas interações, ainda que subutilizadas, representam facetas dessas mudanças que fazem de muitas e muitas redes varejistas nacionais um retrato de obsolescência.

Após a apresentação de Stephen Sadove, a primeira Keynote Session reuniu diversos executivos das diversas ligas esportivas americanas e até mesmo Oliver Bierhoff, responsável pela gestão da seleção alemã de futebol, aquela que nos impôs o amargo e inesquecível 7×1 na Copa do Mundo. Infelizmente, o painel focou demais a questão do uso da tecnologia para a construção de mecanismos de fidelização e rentabilização dos consumidores/torcedores e passou muito ao largo da espontaneidade e da paixão incondicional destes pelos seus times. Ou seja, como exemplo de varejo disruptivo, a experiência esportiva exposta aqui na NRF foi apenas redundante, quase uma defesa da tecnologia como fim em si mesma.

A onda da mudança, contudo, está em avanço, talvez pouco perceptível para um setor que tende a ser mais retraído e desconfiado como o varejo, ainda mais o brasileiro. É fato que todos os executivos brasileiros presentes aqui em Nova York, para a NRF, quase 1,9 mil por enquanto, querem conduzir seus negócios adiante. Querem superar expectativas e ir além. Mas qual é o nosso além? E é possível atingir este além, este objetivo no cenário atual é com os recursos disponíveis?

Melhor pensar em superação. A equação da eficiência que tanto é perseguida no varejo brasileiro deve contemplar a superação das adversidades e a necessária redução da defasagem dos drivers, dos direcionadores que nos separam dos centros varejistas mais avançados. Se há cerca de 1,9 mil executivos varejistas na NRF, há centenas de milhares andando neste momento nas ruas da Big Apple, usando seus recursos, com o dólar a R$ 2,80, para vivenciar experiências que levam-nas além.

Dinheiro que gira rápido e que faz falta na lenta economia brasileira, complacente com as suas próprias dificuldades.

* Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão e está em Nova York acompanhando de perto a NRF Big Show junto à delegação BTR NOVAREJO 

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