Inspirado por altas históricas do Bitcoin, as criptomoedas entraram no radar de investidores do mundo todo. As moedas digitais como são conhecidas, trouxeram empolgação e surpresa a uma parcela que ainda não conhecia esse mundo.
Cercadas de mistério quanto seu uso ou mesmo definição, as criptos chamaram atenção por seus números altos, e atraem desde curiosos até pessoas que acreditam em promessas de enriquecimento fácil e rápido.
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Cenário das criptos no Brasil
No Brasil não foi diferente, de acordo com a Receita Federal em 2021, os brasileiros negociaram US$ 10,8 bilhões em trades de Bitcoin. Influenciados pelo velho fantasma da inflação, a compra de criptoativos tornou-se mais atrativo que o dólar, já que o IOF incide apenas na compra de moeda estrangeira, e não moedas digitais.
O boom inicial, logo foi substituído por sua queda. Em maio desse ano, o Bitcoin teve sua maior sequência de quedas e atingiu os 30 mil dólares, deixando como lição que era preciso uma maior educação financeira antes de entrar de vez nesse novo mundo.
Luiz Pedro Andrade, analista de criptoativos da Nord Research é otimista em relação ao mercado e o público brasileiro: “O cenário das criptos no Brasil tem uma adoção muito alta em percentual, estamos no top 10 de países de maior adoção além disso, o cenário regulatório está avançando, com marco regulatório sendo votado no Senado. Vejo um mercado que cresce muito, com eventos lotados e empreendedores locais com interesse muito grande em criptos no Brasil”.
Quem é o público?
“Comecei comprando Bitcoin em 2017 basicamente porque estava na moda, foi quando a moeda teve sua primeira alta, só que naquela época eram poucas as corretoras confiáveis para investir. Era comum a plataforma travar por semanas e você achar que perdeu seu dinheiro. Hoje em dia a experiência, com corretoras internacionais, é muito melhor. Tem mais opções de moedas e formas de pagamento, me sinto muito mais confortável em investir”.
O engenheiro Gustavo Caride, é o perfil de um Brasil que investe. Jovem (entre 18 e 35 anos), que já investia na Bolsa de Valores e que viu nas criptos uma oportunidade de diversificar sua carteira digital.
Luiz Pedro, da Nord Research confirma essa afirmação: “O público varia muito, temos clientes de 18 até 70 anos, mas predominantemente o público jovem – até 35 anos, tem mais interesse em criptomoedas e pessoas com maior capital, encontram nas criptos uma forma de diversificar seus investimentos”.
Jennie Li, estrategistas de ações da XP investimentos vê o investidor brasileiro como igual o global, “Está todo mundo ainda descobrindo como ela funciona, esperando para ver como vai se comportar. A gente olha para as criptomoedas como um investimento que precisa de bastante cuidado, pode trazer ganhos e perdas significativas para o investidor”. E completa: “É um investimento pra quem tem uma tolerância maior a risco, a essas oscilações fortes que a gente vê nesse tipo de investimento”
Projeto de Lei nº 4.401
Com aumento de interesse e repercussão global, era questão de tempo até uma regulamentação. O texto que está na Câmara dos Deputados entende que os investidores brasileiros terão que declarar seus ganhos para a Receita Federal, onde no imposto de renda, já se encontram códigos específicos para declarar criptomoedas. É necessária uma regulação mínima, que estabeleça segurança jurídica para corretoras e investidores.
Ainda não é possível prever como fica esse cenário pois o projeto ainda está em sua etapa inicial, mas é clara a intenção de governos pelo mundo de participar dessa movimentação, que em teoria, é contrária a qualquer interferência governamental.
Eu consigo usar hoje em dia?
Conforme o entendimento e conhecimento das pessoas vai crescendo, o uso das criptos se mostra além dos investimentos. Como um ativo digital, já é possível viajar (através da Destinatarie, primeira agência de viagens a aceitar criptos), comprar um veículo (com a NetCarros, startup brasileira que recebe Bitcoins e Etherium) e consumir por meio de aplicativos que convertem as moedas em cupons.
Segundo uma pesquisa da Crypto Literacy, um quarto dos brasileiros está disposto a pagar por serviços e produtos com moedas digitais. Apesar de ter seus pontos concentrados no sudeste, mais de 900 empresas no país já aceitam esses ativos como pagamento, confira através do mapa da CoinMap (coinmap.org).
Talvez o exemplo mais fora da caixa seja a dupla sertaneja João Bosco e Vinícius, que em 2017, aceitou como forma de pagamento pelos shows a quantia de 1 Bitcoin. Na época sendo negociado a 68 mil reais, valor esse que em seu auge da moeda atingiu teto de 360 mil reais.
Perspectivas para 2022
Existe uma boa vontade global de utilizar as criptos, evitar controle de governos e descentralizar o poder financeiro. Em um cenário incerto as criptomoedas são diretamente afetadas por qualquer nova ação global ou projeto de um novo bilionário.
Hoje, o brasileiro já abriu os olhos para esse novo mundo, e consegue negociar suas criptos através de corretoras internacionais, como a Binance ou Crypto.com, além do Nubank que anunciou seu serviço de transação de criptomoedas chamado Nubank Cripto.
Para o que falta de 2022 e o futuro
Pedro acredita que é um bom investimento, mas com moderação: “Eu acho uma boa ideia, desde que feito da forma certa, em bons ativos, negociando em corretoras confiáveis e destinando uma parcela pequena do seu portifólio, não excedendo 3% para iniciantes e 10% para aqueles muito experientes”, diz.
Jennie Li é mais cautelosa e explica que oscilações mostram como esse ativo varia de acordo com fatores globais: “As criptomoedas, da mesma forma que os outros mercados globais, estão passando por um período de bastante volatilidade, reagindo a uma lista longe de preocupações que a gente está tendo, são eventos que os mercados globais estão reagindo, impactando bastante os ativos de risco, que estão sofrendo quedas, e as criptos cada vez mais tem mostrado uma correlação mais forte com esses ativos de risco”, afirma.
Já Gustavo Caride, quer fazer parte desse novo universo: “O mundo está em uma avançada aceleração e uma hora o dinheiro físico e sistema bancário tradicional vai se tornar obsoleto, e as criptomoedas serão as substitutas. Pode ser que leve um bom tempo, mas quero estar preparado já, independente de quedas ou baixas”, acredita.
As criptos vieram para ficar, e os brasileiros perceberam. Parte desse processo envolve tempo e conhecimento, uma construção global onde as criptos terão um papel de suma importância.
*Por Gabriel Castro.
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