Existe uma “piada interna” entre os produtores de podcast que é dizer “este é o ano do podcast” cada vez que muda o calendário. Tudo para brincar com o fato de que essa mídia seguia crescendo, mas ainda era difícil rentabilizá-la como se deveria. Pois, de fato, nos últimos um ano e meio, as mudanças nesse cenário do mercado de produção de conteúdo têm sido bem mais aceleradas. Muito por conta da plataforma Spotify, que vem investindo pesado em programas originais feitos por eles com reprodução em diversos países.
Um exemplo recente foi a série em áudio “Sofia”, um original Spotify com a Gimlet Media (produtora especializa no formato e adquirida pela plataforma em fevereiro de 2019), que no Brasil teve nomes como Monica Iozzi, Cris Vianna, Otaviano Costa e Hugo Bonemer dublando os personagens principais. Todos estavam às voltas com uma inteligência artificial de nome Sofia, claro.
Mas de volta à questão do mercado, o Spotify deve abrir caminho para um novo degrau a ser conquistado por produtores de podcast: as histórias narradas podem virar produtos audiovisuais. Para isso, a empresa firmou uma parceria com a Chernin Entertainment para fazer filmes e séries de seus projetos originais. A informação está confirmada pelo site norte-americano “The Verge”, especializado na cobertura de tecnolgia, ciência, arte e cultura.
Spotify x Netflix?
Será que essa movimentação de mercado significa uma futura batalha por audiência entre o Spotify e a Netflix? Nunca se sabe. Mas o investimento da plataforma de áudio agora no visual é ambicioso. A Chernin Entertainment é responsável por filmes como “Ford v Ferrari” (2019) e “Estrelas Além do Tempo” (2016), duas produções de reconhecimento em público e crítica, além da série “New Girl” (2011). E o Spotify já conta com 250 produções originais capazes de ser estudadas para uma futura adaptação ao audiovisual.
Para quem acha que esse movimento de mercado ainda deve demorar, o “The Verge” conta que Spotify, Gimlet Media e a Pineapple Street Studios já trabalharam juntos em um primeiro projeto-teste. Trata-se da produção do filme “The Clearing”, uma saga sobre um pai que vai passar o fim de semana com a filha no campo. Ela desaparece e, de repente, ele acaba atacado por uma horda de zumbis. O mesmo já aconteceu com “Homecoming”, uma história produzida pela Gimlet que virou série de streaming e atualmente está disponível no Prime, da Amazon, com Julia Roberts como protagonista.
Nos Estados Unidos, onde o mercado de podcasts é bem maior e já rentabiliza para alguns players, a novidade deve se tornar logo uma máxima para os programas capazes de preencher esse espaço. Não é raro o ouvinte escutar estrelas como Rami Malek ou Daniel Radcliffe emprestando suas vozes para criações do gênero. Já no Brasil, o boom dos podcasts têm muito a ver com o fato de serem conteúdos de baixo orçamento para serem produzidos. E ainda deve levar um tempo para a mesma lógica de produção se aplicar por aqui.
A maior novidade local, no momento, quando o assunto é podcasts é a chegada da Orelo, uma plataforma de hospedagem de programas para criadores – além de player para ouvintes – que remunera o creator por cada play dentro do seu ambiente. É aguardar para ver se ela conseguirá concorrer com o Spotify, que passou até mesmo a Apple e seu iTunes em popularidade quando se trata desse tipo de conteúdo.
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