A Disney apresentou sua primeira protagonista gorda na animação “Reflexo”. O curta-metragem, disponível no canal Disney+, conta a história de “uma bailarina que luta contra o próprio reflexo e supera a dúvida e o medo canalizando sua força interior, graça e poder”. O filme discute representatividade ao levantar temas importantes, como autoestima, dismorfia e promete causar um impacto positivo nas pessoas, além de muita emoção.
A animação faz parte do projeto “Pane Elétrica”, que reúne uma série de curta-metragens experimentais feitos por talentos dos estúdios Disney. A segunda temporada da iniciativa focou em abordar a questão da imagem corporal e a importância de encontrar a própria identidade e proteger a autoestima.
Para Dani Junco, fundadora da B2Mamy, startup que estimula empreendedoras, isso é reflexo de uma evolução do papel da mulher nas relações de poder. “Quanto mais a gente acha a nossa voz, isso tem muito a ver com a visão da estética que foi pré-estabelecida, mais entendemos quem somos, o quão somos poderosas, bonitas, ficamos mais seguras. É sobre poder”, aponta.
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Francisco Roale destaca, em análise da Getty Imagens, os movimentos sociais dos últimos anos transformaram a compreensão do papel de gênero e da necessidade de igualdade na América Latina.
“Esses movimentos também destacaram como os padrões de beleza hegemônicos impactam a imagem corporal. Apesar das grandes conquistas em termos de direitos adquiridos, ainda existem muitos preconceitos a serem desconstruídos nessa área: sofrer julgamentos por ter um determinado tipo de corpo é algo comum nos países da América Latina”, ressalta.
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Consumidores querem mais representatividade em todas as esferas
Com os movimentos crescentes nas redes sociais, como o #BodyPositivity, os consumidores têm exigido cada vez mais imagens que quebram estereótipos, principalmente na publicidade e na moda. “Os corpos que aparecem em comerciais e os tamanhos de roupa oferecidos em lojas não atendem suficientemente a diversidade de corpos”, aponta Roale.
Segundo a VirtualGPS, da Getty, praticamente metade dos consumidores na América Latina querem que as empresas e marcas se comprometam com a diversidade e com a inclusão. Ainda segundo a Getty, são muito bem-recebidas as campanhas que mostram imagens reais de corpos diversos.
A pesquisa aponta que apenas 1% das imagens usadas na publicidade mostram corpos de tamanhos maiores. Além disso, quatro em cada 10 imagens mostram pessoas fazendo exercícios ou de dieta. Isso faz com que as pessoas gordas se vejam majoritariamente para adaptar seus corpos ao padrão hegemônico.
“Representatividade importa, porque a gente fica mais segura quando a gente vê uma mulher muito parecida com a gente tendo sucesso. Nesse sentido, a nova geração lida um pouco melhor, porque as redes sociais trouxeram vários recortes que em outra época não víamos, não havia uma mulher gorda na TV”, reflete Junco.
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Esse movimento da Disney segue outro recente sobre representatividade, da sereia Ariel negra e até mesmo da princesa Elsa, de Frozen, que tinha como principal mote a busca de Anna pelo reencontro com sua irmã, em vez de um plot romântico.
“Sinto que a mudança vem muito do que a gente consome todos os dias. Então é muito importante quando a Disney faz esse movimento para que nossas crianças tenham outras referências”, ressalta a fundadora da B2Mamy.
“Reflexo” foi a estreia na direção de Hillary Bradfield, artista de storyboard em filmes da Disney como “Frozen 2” e “Encanto”. O curta está disponível para streaming no canal Disney+.
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