Aos 16 anos, a paulistana Cris Barros fotografou como modelo pela primeira vez. Aos 18, fi cou conhecida ao estampar a capa de uma importante revista para o público jovem. Cresceu na profi ssão ao mesmo tempo em que frequentava o curso de moda da faculdade Anhembi Morumbi. Disposta a ir além, fez pósgraduação em Milão e integrou a equipe do estilista Stephan Janson, que trabalhou com Yves Saint Laurent. Experiência na bagagem, ela regressou ao Brasil.
Foi direto para o departamento de marketing da antiga Zoomp. Há pouco mais de dez anos, arriscou-se em carreira solo. Criou a grife de moda que leva seu nome, voltada para a mulher classe A.
Detalhista, discreta e de extremo bom gosto, Cris cria suas peças como se fossem para o seu próprio armário. Em pouco tempo, tornou-se uma das estilistas preferidas das paulistanas. As roupas, que no início povoavam as vitrines de uma loja no corredor da Oscar Freire, em São Paulo, hoje são encontradas em cinco endereços próprios e em 60 pontos de venda multimarcas selecionados a dedo. Suas coleções, com preços que podem ultrapassar a casa dos R$ 4 mil por peça, já foram exportadas para mais de 18 países. Prestes a abrir duas novas lojas, Cris Barros fala à NOVAREJO sobre suas parcerias com as grandes marcas e sobre a democratização da moda.
NOVAREJO: De modelo a dona de grife de moda. Como foi essa trajetória?
Cris Barros: Aos 16 anos, após uma consulta com uma orientadora vocacional, decidi abandonar a ideia da faculdade de direito e cursar moda. Naquela etapa da vida, eu não tinha certeza de nada, mas a moda era algo criativo, que parecia ser mais o meu mundo. Fiz pós-graduação no Instituto Marangoni, em Milão, e, alguns anos depois, voltei ao Brasil. Trabalhei para a Zoomp antes de abrir minha grife. O crescimento nunca foi muito planejado. Sempre ocorreu de formanatural, gosto de ir passo a passo para não perder o controle, o design, a qualidade do produto.
NOVAREJO: Como profissionalizou a empresa quando foi ganhando fama e envergadura?
Cris Barros: Na verdade, eu encontrei na minha própria família o que eu precisava para profissionalizar o negócio e crescer. Hoje, tenho dois sócios ? minha irmã Daniela e meu cunhado Luiz Felipe Verdi, ambos economistas e formados em administração. Eles foram essenciais para que a marca crescesse de forma saudável em um mercado tão concorrido.
NOVAREJO: Trabalhar com roupa de grife exige um alto controle de qualidade. Como você disseminou essa cultura entre a equipe quando a produção começou a crescer?
Cris Barros: Temos um controle de qualidade minucioso, realmente investimos muito em tempo e treinamento para que as peças saiam perfeitas da fábrica. Treinamos as equipe das lojas e showroom não só sobre a coleção, inspiração, montagens de looks, mas também sobre processos e controles. Além disso, temos supervisoras que visitam as lojas freqüentemente, de forma a garantir que os processos sejam seguidos e que a cliente tenha a mesma experiência de compra, independentemente do endereço.
NOVAREJO: Qual a penetração da grife Cris Barros no exterior?
Cris Barros: Sempre foi muito boa. Nós chegamos a vender para 18 países ao mesmo tempo, entre eles Estados Unidos, Líbano e África do Sul. Nossas peças já fizeram parte das vitrines de lojas como a Colette (Paris) e Bergdorf Goodman (Nova York). Mas, no momento, preferimos investir no crescimento no Brasil.
NOVAREJO: O e-commerce tem um bom peso nas vendas?
Cris Barros: Nosso e-commerce foi uma ótima surpresa. Começamos por demanda das próprias clientes, mas sem acreditar muito no início e surpreendeu. Este ano passamos a ter total controle da operação, que, até então, fazia parte do Shop2Gether ? vendemos, ainda, em e-commerces importantes, como a Farfetch. O mundo digital é muito relevante e merece ser olhado com cuidado e carinho.
NOVAREJO: Em tempos de internet, vocês vendem pelo telefone. Como funciona?
Cris Barros: Nosso e-commerce foi uma ótima surpresa. Começamos por demanda das próprias clientes, mas sem acreditar muito no início e surpreendeu. Este ano passamos a ter total controle da operação, que, até então, fazia parte do Shop2Gether ? vendemos, ainda, em e-commerces importantes, como a Farfetch. O mundo digital é muito relevante e merece ser olhado com cuidado e carinho.
NOVAREJO: A marca é voltada para a classe A. Como anda esse mercado no Brasil?
Cris Barros: Cresceu e existe uma oferta muito maior de produtos de luxo importados, por conta da entrada de marcas internacionais no Brasil. Isso é ótimo, pois a cliente começa a dar mais valor para um produto com conceito, design e qualidade. As vendas estão ótimas (ela não abre números). Estamos felizes com os resultados a ponto de abrir duas novas lojas ainda neste semestre.
NOVAREJO: Com tantas clientes famosas, como você faz para que uma peça não seja repetida em uma festa?
Cris Barros: Fazemos um controle anotando o vestido e a festa para a qual foi vendido. Todas as lojas têm esse controle.
NOVAREJO: Como você enxerga a parceria com outras marcas?
Cris Barros: Democratização é a palavra-chave dos novos tempos. Diverti-me muito aprendendo e criando para as marcas que nos associamos. Acho que você tem de saber se divertir com o que gosta de fazer. Esse é o segredo. Associei-me a empresas as quais confi ava e admirava, como Riachuelo, Johnson´s e sandálias Grendha. Tive incrível sinergia com todas. Participei de cada uma das etapas de desenvolvimento dos produtos para garantir que tudo saísse do meu jeito, que tivesse a qualidade e o design da marca Cris Barros. Para se ter uma ideia do grau de exigência, foram necessárias cinco provas de roupa para que uma saia fosse aprovada.
NOVAREJO: A marca já foi assediada por fundos de private equity ou por investidores dispostos a comprá-la?
Cris Barros: Sim, já recebemos. Somos procurados com regularidade por fundos e outras empresas interessadas, porém não abrimos nomes.
NOVAREJO: Quais são as principais datas de venda? Ou para a classe A não há?
Cris Barros: Nossas datas de maior venda são as de lançamento das coleções. Nesses dias, as nossas melhores clientes pedem às vendedoras para abrirmos as lojas para elas às 8 horas da manhã. Elas sabem que muitos modelos acabam logo e não querem ficar sem.
NOVAREJO: A empresa é um sonho realizado?
Cris Barros: É mais um sonho em andamento. Amo o que faço e faço tudo com paixão. É isso que me d
eixa feliz no dia a dia. O resto é consequência.