A PepsiCo é uma das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo. Com produtos que variam de petiscos, como Lays e Doritos, até bebidas como o refrigerante Pepsi e Gatorade, a organização tem o desafio de gerenciar diferentes plantas, que vão de fábricas a fazendas e centros de distribuição. Além disso, conta com a maior frota logística, atrás apenas da UPS.
A empresa, apesar de ser uma indústria tradicional e ter mais de 90 anos de existência, conseguiu em poucos anos se transformar em uma organização ágil. Os investimentos de Inteligência Artificial começaram há mais de 10 anos, em moldes menos avançados, como a modernização da infraestrutura, migração para nuvem e automação da operação. “Em cima disso, estamos construindo uma camada de IA mais moderna, com o objetivo de ter um único sistema e uma fábrica de IA da companhia”, contou Athina Kanioura, Chief Strategy and Transformation Officer da PepsiCo.
No GTC 2025, que está se consolidando como a principal conferência de IA do mundo, organizada pela NVIDIA, a executiva apresentou a agenda ambiciosa da PepsiCo para revolucionar a operação, complementada por investimentos em talentos digitais. Tudo em parceria com a maior empresa do mundo, responsável por fornecer os chips de processamento de dados das principais organizações de IA.
Gêmeos digitais
Um diferencial da PepsiCo está no fato da empresa gerenciar todas as operações end-to-end. Ou seja, desde as fazendas que cultivam as batatas até a produção dos chips da Lays e a sua distribuição no varejo e no e-commerce. A transformação digital, portanto, teve como objetivo levar mais eficiência para essa gestão.
É nessa missão que entram os gêmeos digitais. O processo é responsável por virar de cabeça par abaixo a forma como a PepsiCo cria uma infraestrutura – seja ela qual for. “O jeito tradicional de desenhar uma instalação, seja um galpão ou um centro de fullfilment, não combina com a complexidade do presente”, afirma Athina. “Queremos uma operação 24/7, com mais eficiência e produtividade. Os gêmeos digitais viraram uma necessidade da operação”.
Criando infraestruturas, primeiramente, no ambiente digital, a executiva afirma que a “planta do futuro” permitiu identificar lacunas e ineficiências que, até então, não podiam ser percebidas pela organização, permitindo também reajustes quando necessário. “É possível reimaginar a nossa rede. Os gêmeos digitais são o coração dessa operação, a fundação digital”.
Capacidades fundamentais
Em uma operação como a da PepsiCo, a complexidade aumenta ainda mais nos serviços de e-commerce. Para isso, não necessárias diferentes habilidades, além de contar com mais variáveis, como destinos de entregas e diversidade de produtos. Para Athina, atender bem todas as pontas do negócio, desde fornecedores até o consumidor final, demanda um serviço superior, maior eficiência, produtividade da equipe, identificar desperdícios e melhorar a satisfação do consumidor.
Para alcançar esse objetivo, a PepsiCo, em parceria com a NVIDIA, trabalhou em desenvolver diferentes capacidades fundamentais para essa transformação digital:
- Visão inteligente: uso de Inteligência Artificial para monitorar operações em todos os segmentos do supply chain, com dados em tempo real. Com isso, a empresa obteve informações precisas em tempo real em toda a operação, além de eliminar a necessidade de múltiplos sistemas conectados para executar essa tarefa.
- Gêmeos digitais: a simulação do mundo real das operações permitiu eficiências na produção e no design, inclusive gerando maior eficiência de capital, além da realização de ajustes na operação e um controle total por meio de um único sistema.
- Gerenciamento por GenAI: gestão das operações por meio de soluções de voz ou texto, utilizando modelos de linguagem natural, reduzindo a necessidade de experiência na resolução de problemas operacionais e oferecendo assistentes virtuais que podem treinar, prever desafios e soluções em vários idiomas.
- Automação inteligente: a projeção para o futuro espera poder automatizar tarefas complexas, aumentando a precisão dessas ações e aliviando a dependência das equipes em funções repetitivas.
“A PepsiCo, uma companhia tradicional com mais de 90 anos, se tornou uma empresa ágil”, afirmou Azita Martin, Vice President and General Manager of Retail and CPG da NVIDIA.
A infraestrutura correta
Mas, como começar essa transformação? Segundo Athina, o primeiro passo é ter a infraestrutura de dados correta. “Sem isso, você não terá um nível certo de governança”, afirmou. Além disso, é essencial ter um business case sólido – afinal, para a recompensa ser a melhor possível, é preciso ter um roadmap claro, com todas as interdependências e KPIs financeiros que serão impactados pela mudança. “É a beleza e os desafios da coisa”.
Ainda, a educação da diretoria executiva e do Conselho foi um passo essencial. Segundo a executiva, é essencial que todos estejam na mesma página e entendam o futuro da empresa com todas essas capacidades implementadas. “Evangelize o topo da cadeia”, afirma. “Vocês vão se surpreender em como os líderes sêniores entendem que isso é o futuro.” “Tudo é sobre priorização, educação, convicção e roadmap, para que essas funções se tornem uma fonte de lucro, e não de prejuízo”, finaliza.