E estamos chegando ao fim do mais imprevisível, cansativo e estressante ano de nossas vidas. 2020, o ano que valeu por uma década – não pelo que trouxe de bom, mas pelo que nos fez viver de traumas –, deixará muitas marcas profundas. Afinal, não é sempre que se enfrenta uma pandemia motivada por um vírus ladino, inteligente, sorrateiro e fugidio como o novo coronavírus.
Mudanças aconteceram para todos os gostos. Bizarrices correram o mundo. O vírus ainda assistiu, de camarote, aos seus hospedeiros humanos entrarem em conflito sobre a melhor forma de combatê-lo. Olhando para os números, fomos incrivelmente malsucedidos. Sequer conseguimos estabelecer uma linha de atuação plausível que controlasse a transmissão e a propagação do vírus saltitante, que veio, viu e venceu, encontrando, na nossa momentânea (espera-se) incapacidade de nos comunicarmos e de atuarmos de forma coesa e coerente, um ambiente extraordinário de reprodução.
Os efeitos das mudanças e dos paradoxos estão por toda parte: gente usando máscaras, gente refutando máscaras, termômetros medindo temperaturas em lojas, academias, restaurantes, gente ainda isolada e evitando contato, gente querendo se aglomerar, hospitais cheios, depois vazios, depois enchendo novamente, autoridades batendo cabeça, home office consagrado e agora cansativo, o varejo on-line nadando de braçada.