Então, você é um dos brasileiros sem qualquer interesse pelo jogo político, não é mesmo? É evidente que ?dar de ombros? para o assunto faz parte do jogo democrático, mas, por outro lado, rejeitar esse direito é o mesmo que pedir aos políticos que aprovem, rejeitem ou ignorem assuntos que podem ser do seu interesse – e depois que a lei for aprovada e sancionada, sinceramente, não adianta chorar pelo leite derramado.
O Uber é um bom exemplo. Você autorizou o seu vereador ou o prefeito a tornar o aplicativo ilegal na sua cidade? Não? Então, por que isso aconteceu?
Ao que tudo indica, consumidores ao redor do mundo não pediram por tal proibição ao aplicativo. E isso ficou claro na mensagem enviada por representantes de consumidores de mais de 80 países presentes no Congresso Mundial da Consumers International (CI), o maior congresso de relações de consumo do mundo e que este ano foi realizado Brasília. Em outras palavras, será que, mais do que proibir, os clientes não desejam uma mudança no feedback: forma de pagamento, canais de contato e outros?
Uma das ativistas da ideia foi Onica Makwakwa, coordenadora regional para África da Aliança para uma internet acessível. ?Não acredito que a regulamentação funcione muito bem para esse tipo de negócio (Uber). Os consumidores são mais dependentes de feedbacks, que são os mecanismos que garantem a existência desses serviços. Em vez de regular as economias, que tal regular o sistema de feedback??, questionou.
Monroe Labouisse, por exemplo, entende como poucos a força do feedback dentro dos negócios em tecnologia. Ele, outro palestrante do CI e ex-funcionário do eBay, afirmou que o ?retorno? foi a inovação do negócio da empresa em que trabalhou. Afinal, foi isso que conferiu poder ao consumidor. ?Feedback é a inovação que permite a esses negócios andarem. Quando o eBay começou, não havia feedback on-line. Hoje em dia, ninguém vive sem isso. Hoje, esse ambiente aberto é a base de negócios como o Airbnb, o Uber e muitos outros.
No entanto, todos concordam que é necessário melhorar o retorno, seja para reclamar, pagar e até elogiar. É preciso criar um padrão para esses retornos que ainda não existem. Não estariam aí os reais interesses dos consumidores?
*Revista Consumidor Moderno foi a mídia oficial do evento
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