Em 1915, Michael Wall levantou às 4h30, tomou seu café e seguiu com a família para mais um dia de trabalho pesado no campo. No fim do dia, Wall olha para a plantação, se vira para sua mulher e se queixa das novas máquinas: “Não vai existir mais trabalhos para meus netos e bisnetos”.
O bisneto de Wall cresceu no Vale do Silício. Aos 18 entrou na faculdade de engenharia e por lá se tornou um exímio programador. Aos 22 fundou com mais dois colegas uma das maiores startups da internet dos últimos tempos. Hoje é um bilionário.
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A profecia de seu bisavô felizmente não se concretizou. No entanto, segundo o censo americano, em 1915, 40% da mão de obra americana estava na agricultura. Hoje esse patamar está em 5%. Como poderia Michael Wall prever tamanha mudança na tecnologia e os novos postos de trabalho criados?
O exemplo fictício mostra que a tecnologia não retirou o emprego da geração do bisneto. O que ela fez foi aprimorar as suas habilidades. Com as máquinas realizando, por exemplo, cálculos de forma mais rápida, o bisneto pôde focar em outras tarefas, como programar e analisar dados.
Dois lados
Muito se fala como carros autônomos, drones e inteligência artificial substituirão pessoas – o que poderia gerar ondas de desemprego. Do lado negativo, vemos um claro atraso nos sistemas educacionais, que pouco preparam os jovens para esse novo mundo. Do lado positivo, devemos nos lembrar de como a automação de determinadas tarefas abrirá espaço para outras novas.
O governo, as universidades, os sindicados e os empresários terão de desenhar um novo contrato social para lidar com essa transição – o que pode significar uma grande oportunidade para uma melhora na qualidade de vida da população global.
De fato, o cenário transformador assusta, deixando bem incerta qual será a profissão de nossos netos e bisnetos. Deixo o seguinte exercício: em um mundo com mais de 7 bilhões de pessoas, no qual apenas cerca de 500 visitaram a imensidão do espaço, quem sabe seu neto será um astronauta?