Você abre o aplicativo do iFood, escolhe o que vai pedir, paga e espera a comida chegar. De moto ou de bike, o entregador bate na sua porta ou vai até a portaria do seu prédio para te entregar a embalagem com a refeição. Este é o processo com o qual nos acostumamos. O modelo transformou o iFood em uma empresa que cresce três dígitos ao ano, mas a empresa não está satisfeita.
No futuro, o processo de pedir um iFood” deve continuar o mesmo: escolher – pagar – receber. O que vai mudar é como isso vai acontecer. A mudança que o iFood prepara para a última etapa é a que mais chama atenção: drones vão entregar suas refeições. Só não sabemos quando isso vai acontecer (e o iFood também não).
Avanços e entraves
A empresa de tecnologia já está testando os drones. Por enquanto, os entregadores voadores atuam apenas em ambientes controlados, apesar da empresa anunciar já ter feito a primeira entrega em um bloco de carnaval de São Paulo. A ação teve viés publicitário e mostrou o esforço da food tech em estar na vanguarda quando o assunto é tecnologia em delivery, mas ainda não é hora de se animar, por dois motivos: ANAC e ANATEL.
O principal entrave é regulatório, com restrição forte relacionada ao tráfego aéreo. Se há burocracia para uma pessoa física operar um drone no Brasil, não seria diferente com as empresas. Por isso, a empresa não define uma data para que seus novos entregadores estejam voando. “A gente quer estar na vanguarda de novas tecnologias, a ideia é que isto esteja no ar o mais cedo possível”, diz Gustavo Molina, diretor do iFood Shop.
O iFood tem uma grande companheira na luta por uma legislação clara sobre o vôos comerciais com drones: a Amazon. A gigante varejista trabalha há anos com drones, mas ainda não pode implantar a tecnologia por causa das restrições regulatórias. A solução foi trabalhar em conjunto com a NASA. A Amazon está desenvolvendo um sistema para gerenciar o tráfego aéreo de drones. A intenção é que o sistema monitore voos de baixa altitude, abaixo de 121 metros.
No caso da Amazon, a tecnologia está pronta. A primeira entrega com drones feita pela empresa aconteceu há mais de dois anos, há cinco, o CEO da empresa previa o início da operação com os equipamentos para 2018.
A grande preocupação
Fazer os drones voarem talvez não seja a tarefa mais difícil para o iFood. Para Arnaldo Bertolaccini, diretor de Customer Experience, o desafio é gerar valor, fazer com que a entrega por drones faça sentido. “Além de trabalhar para gerar viabilidade, a gente tem que saber onde a gente gera valor para o cliente nesse processo. Às vezes, é super legal, mas não gera valor para o cliente”, explica Bertolaccini.
Ou seja, o iFood entende que é importante fugir do teatro da inovação, onde as empresas fazem coisas chamativas, mas que não necessariamente fazem sentido para seus clientes. Se o iFood receber autorização para operar com drones mas entregas demorarem por serem burocráticas demais, o cliente ficará satisfeito? “Isso gera valor para um grupo, e onde está esse grupo? Quem são eles?”, provoca Bertolaccini.