Apesar das expectativas de queda no PIB, altas taxas de inflação, juros e desemprego, a indústria de shopping centers continua em desenvolvimento no Brasil, revela o Censo Abrasce 2015-2016, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em parceria com a GEU (Grupo de Estudos Urbanos).
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De acordo com a pesquisa, o faturamento dos 538 shopping centers ativos no país cresceu 6,5% em relação a 2014, totalizando R$ 151,5 bilhões em 2015. Enquanto o setor inaugurou 18 empreendimentos no ano passado, a perspectiva agora é que, até o final de 2016, 30 novos shopping centers abram as portas, sendo que 23 deles devem ser inaugurados fora das capitais. Ao todo, serão destinados R$ 9 bilhões para a construção de novos shopping centers e R$ 5 bilhões para expansões.
?Esperamos um crescimento de 6,5% nas vendas em 2016, fechando o ano com um faturamento de cerca de R$ 161,3 bilhões em vendas, prosseguindo com o crescimento que acompanhamos desde 2010?, afirma Glauco Humai, presidente da ABRASCE. Segundo o executivo, boa parte das inaugurações serão concentradas no segundo semestre, quando há a expectativa de que as condições colaborem para o crescimento a partir do segundo semestre de 2017.
?Em média, 30% do que é previsto não é inaugurado e isto não está necessariamente ligado ao momento econômico, mas questões de regulamentação municipal e federal, além da disponibilidade de mão de obra e materiais?, explica Humai.
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Oportunidades no interior
Os shoppings no Sudeste contribuem com o maior faturamento do setor: R$ 87 bilhões. O segundo melhor desempenho foi o da região Nordeste, com R$ 25,8 bilhões, seguida pelo Sul (R$ 18,17 bilhões), Centro-Oeste (R$ 13,5 bilhões) e Norte (R$ 6,9 bilhões).
Os resultados do levantamento mostram que 67% das inaugurações de 2015 ocorreram fora das capitais: até o final do ano, 48% dos shopping centers estavam localizados em capitais brasileiras e 52% em outras cidades. Ainda, 41% do total dos centros de compras estão concentrados em cidades com menos de 500 mil habitantes, o que aponta para uma tendência cada vez maior de interiorização desses empreendimentos.
Vacância e desaceleração
Em 2014, foram inaugurados 25 shopping centers no país sob um investimento de R$ 13,5 bilhões, enquanto em 2015 esses mesmos números recuaram para R$ 12,5 bilhões e 18 empreendimentos.
Além disso, o ano passado começou uma taxa de vacância de 2,8%, que evoluiu até 5,1% e encerrou 2015 com 4,1%, um resultado considerado ?saudável? num período de instabilidade econômica pela ABRASCE. A projeção é que a vacância chegue a 4,5% em 2016.
Humai acha prematuro, entretanto, dizer que está ocorrendo uma desaceleração no número de shoppings por conta do momento econômico. ?Os shoppings que estão sendo inaugurados agora foram projetados há quatro ou cinco anos atrás, quando o momento da economia era outro. Quanto maior é o setor, menores são as possibilidades de abertura de novos empreendimentos. Os Estados Unidos, por exemplo, é um mercado supermaduro que inaugura no máximo três shopping centers por ano?, observa o porta-voz. ?Há shoppings que podem estar com uma vacância de 15-20%, mas é um processo normal de amadurecimento.?
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