A inadimplência das empresas atingiu em junho o maior número desde 2015, segundo indicador divulgado pela Serasa Experian. Segundo a pesquisa, 4,45 milhões de empresas estão negativadas, de um total de 8 milhões em operação no cenário nacional.
O número é maior do que o registrado em junho de 2015, quando havia no País 3,84 milhões de empresas inadimplentes. De março de 2015 a junho deste ano mais de 661 mil se somaram às empresas já negativadas. Em média, depois de 60 dias com débitos em atraso, a empresa já é negativada nos birôs de crédito. Ao todo, as dívidas atrasadas totalizam R$ 106,6 bilhões.
De acordo com os economistas da Serasa Experian, o fato de metade das empresas estar inadimplente é uma situação mais preocupante do que a inadimplência do consumidor, que já atingiu 41% da população adulta.
“O quadro recessivo que se instalou na economia brasileira desde o ano passado afeta diretamente o ritmo dos negócios e, por consequência, a geração de caixa por parte das empresas. Além disto, a crescente elevação dos custos financeiros (taxas de juros mais altas) e de mão-de-obra (salários crescendo acima da produtividade) impõe maiores dificuldades financeiras para os negócios”, afirmou a Sersas.
As dívidas das empresas é consequência da cautela do consumidor diante de uma economia recessiva. Em um quadro de crise, as pessoas cortam o que consideram supérfluo, principalmente serviços, como salão de beleza, e saídas de lazer, como restaurantes.
Não à toa, o setor de serviços é o mais endividado dentre os segmentos analisados pela Serasa. Pela primeira vez desde 2015 o setor de serviços ultrapassou o comércio e liderou a lista de empresas inadimplentes em julho.
Do total de dívidas das empresas, serviços representou 45,3% do total. Comércio, que inclui o comércio de bebidas, vestuário, veículos e peças, eletrônicos, entre outros, representou 44,9% do total das dívidas.
E quem tem sofrido mais são as pequenas e médias empresas: elas concentram a maior parte das dívidas, o que afeta ainda a economia, uma vez que elas detêm boa parte dos empregos gerados no Brasil. Segundo o levantamento, a falta de caixa para honrar as dívidas também impacta o pagamento de salários, o que ajuda a engrossar as taxas de desemprego.