A geração Z, hoje, talvez seja o maior motivo de preocupação da maioria das marcas por aí. E não à toa: seu comportamento, estilo de vida, filosofia e crenças são bem diferentes das gerações antecessoras. Para Viviane Rodriguez, sócia diretora da B2 Agência, porém, basta entende-los.
A B2 tem, em sua proposta, a relação com o público jovem, universitários, descolados. Assim, resolveu desenvolver algo além do relacionamento: o entendimento sobre esse público. A partir da pesquisa Radar Jovem, a agência chegou a algumas conclusões que podem ser valiosas para as empresas.
Planejados… nem tanto
Entre os entrevistados da pesquisa, sete em cada vez se consideram magros e têm a intenção de manter uma alimentação saudável. Ao comparar as intenções dos jovens para uma semana e, mais tarde, suas efetivas ações, os resultados indicam suas ações não condizem com seus objetivos ? muitos acabaram passando em um fast food num dia, indo a um churrasco em outro e por aí vai.
Mudança de visão
O jovem não vê a aquisição de um carro como um status. Ao serem questionados sobre meios de transporte, apontaram o carro como um sinal de conforto frente ao desconforto característico do transporte público.
Venha até mim
As mídias sociais são as principais fontes de informação dessa geração. No entanto, houve uma mudança entre as pesquisa de 2013 e 2014: na última análise, o WhatsApp superou o Facebook, ele representa um círculo de confiança maior para o jovem. Fora isso, a informação precisa chegar até ele ? não importa o quão disponível ela esteja. Se é relevante mesmo, chegará sozinha.
Outro tipo de consumidor
A maioria dos entrevistados pela B2 se considera um comprador moderado. São indivíduos que usam sua renda para seus gastos físicos com disciplina e utilizam a ?sobra? para utilizarem como quiserem. Além disso, é um público que prefere pagamentos à vista, no débito ou dinheiro, ainda não estão habitados a compras parceladas. E, claro, guardam dinheiro.
Outros investimentos
Para a geração Z, a educação é um investimento a longo prazo e seu gasto mais importante dentro da carteira. Por isso, eles querem ser recompensados (a tal crítica da geração imediatista).
Entre a classe C, a espiritualidade também é um gasto relevante, ficando em segundo lugar.
Querer e poder
Os jovens dessa geração têm suas marcas admiradas também. No entanto, eles têm claramente a diferença entre o que é admirado e o que pode ser obtido ? e não sofrem por isso.
Rotina
Outra conclusão curiosa do estudo da B2 é que, para os jovens, tudo entra na normalidade. Entre os casos observados pela agência estavam o jovem que perdeu a vó naquela semana e um outro que recebeu uma promoção, ambos os casos foram tratados como fatos comuns.
Isso não quer dizer que seja uma geração fria: são indivíduos que sentem os impactos das situações, mas não se preocupam com isso, seguem seu caminho como deve ser.
Afinal, o que fazer?
Observando o panorama de consumidores tão diferentes, como o varejo pode reagir? Para Viviane, um ponto é fundamental: ?Por que as marcas vão se preocupar com a falta de planejamento dos jovens se eles mesmos não fazem isso??, destaca. ?Precisamos mudar o mind set, a forma de comunicação?.
Para a executiva, não adianta planejar demais: a marca pode perder o jovem no meio do caminho. Assim, aponta algumas características e perguntas para incentivar as compras desse grupo:
– Eles querem conveniência: o produto precisa ir até ele, estar presente em sua rotina ? perto do trabalho, da faculdade, um local com mais de um produto. Como ser realmente conveniente para eles?
– Timming da compra: a marca precisa entender qual a relação do jovem com o seu produto, levar em consideração o seu timming, afinal, ele precisa estudar e não quer supérfluos.
– Concepção de emergência: os jovens não se planejam com as compras de casa, adquirem apenas o que acabou. Como sua marca pode lidar com essa relação sempre emergencial dessa geração?
– Fidelidade: programas de fidelidade são uma armadilha perigosa. Os jovens adoram, mas não usam. Geralmente, eles perdem o cartão e não passam o número de celular para não receber spam. Como lidar com isso? Que expectativa você coloca nesse público? Isso condiz com o momento de vida dele?
– Preço é um fator sensível: essa é uma geração que precisa ter a sensação de que está com um bom custo-benefício. Fazem questão de fazer muita pesquisa e geralmente vão até as lojas para ver o produto pessoalmente antes de pensar em adquiri-lo.
– Ele, o mobile: como esses consumidores não costumam usar cartão de crédito, compras online e mobile não são tão frequentes como todo mundo imagina. Fora isso, o seu aplicativo não o deixa a um clique de distância ? a chance do jovem usar uma vez, duas vezes e indicar para um amigo tem ordem decrescente. Pense nisso.
Sua marca está preparada para essa diferença de pensamento? Esse normal que parece tão estranho? Talvez seja hora de dar um baque em suas concepções.