O impeachment de Dilma Rousseff abre caminho para Michel Temer avançar com pautas e reformas estruturais urgentes para a economia no Congresso Nacional. Neste momento, a prioridade máxima do novo presidente deve ser a estabilização da economia.
A bolsa não decolará, tampouco o dólar apreciará indefinidamente, visto que a especulação em torno do impeachment acabou. A realidade definitivamente se impõe: a reforma da previdência, a redução do déficit fiscal, o estabelecimento de um teto de gastos são medidas necessárias e urgentes, porém não suficientes. O desemprego crescente é outro grande desafio que deve ser encarado para estancar a sangria da economia. Se há alguma dúvida do seu impacto, o péssimo desempenho do varejo é o melhor exemplo de como a queda livre do consumo via elevação do desemprego arrasta o País.
Nesta semana, o IBGE divulgou que o contingente nacional de desocupados somou 11,8 milhões em julho, ou seja, segue crescendo. O rendimento real continua em queda e a inflação não perde fôlego, dificultando a tarefa do Banco Central em reduzir as taxas de juros que, por ora, asfixiam a atividade e o consumo.
A realidade com que Michel Temer lidará neste momento é dura. Ele encarará um Congresso Nacional onde talvez reformas e medidas necessárias passem às custas de concessões e favores que onerem o fiscal, dado que nossos políticos não necessariamente estão alinhados e cientes do que realmente o Brasil precisa. Porém, o afastamento definitivo de Dilma Rousseff insufla os agentes econômicos de otimismo, visto que o País não retornará à rota suicida em que estava até maio deste ano.
A retomada da confiança é parte fundamental do processo de estabilização econômica e da retomada do crescimento, e tão necessária para que investimentos, tomada de crédito e consumo encontrem verdadeiros fundamentos para voltarem a crescer. O otimismo já voltou aos agentes, mas agora precisa se sustentar. Para isso, Michel Temer deve ter sucesso em sua difícil empreitada para colocar a economia nos trilhos. Seu pronunciamento em 7 de setembro mostrará a que veio o agora de fato presidente da República.
*Eduardo Bueno é economista do CIP – Centro de Inteligência Padrão