Após vários anos de especulações e de diversas idas e vindas, o Carrefour vai estrear no pregão da B3. A partir de amanhã (19), as ações da companhia serão comercializadas e a pergunta que fica é se apostar na empresa é um bom investimento.
Os papéis da companhia foram precificados em R$ 15. Isso significa que foi o valor mínimo indicado pelo Carrefour, já que o preço de abertura era esperado entre R$ 15 e R$ 21.
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“O mercado está muito cauteloso”, diz Giovana Scottini, analista da Eleven Financial, casa de análises financeiras. “Os investidores mostraram que estão dispostos a investir, mas que querem pagar pouco.”
Apesar de ser um valor menor do que o esperado pela multinacional francesa, a companhia ainda vai arrecadar uma quantia considerável. Serão cerca de R$ 5,1 bilhões a mais para a empresa, sendo que R$ 2,8 bilhões serão destinados ao pagamento de dívidas de curto prazo com a matriz francesa.
O restante deve ser dividido entre os fundos Península, de Abilio Diniz, e GIC, fundo soberano de Cingapura, e o próprio Carrefour.
Analistas ouvidos pela reportagem enxergam como uma boa oportunidade de investimento. Para te ajudar na compra ou na venda das ações, a NOVAREJO separou os principais pontos levantados por especialistas. Confira:
Fator Abilio
O empresário Abilio Diniz se mostra firme na posição de consolidar o Carrefour como o maior grupo de varejo alimentar brasileiro, a frente do GPA, sua antiga empresa.
Apesar do Península anunciar que venderá uma fatia de 3,2% de sua participação no capital social no IPO, o fundo exerceu uma opção de compra condicionada à conclusão da abertura de capital. Ou seja, dos atuais 12% que possui da empresa, Abilio permanecerá com 11,47%.
“O Abilio continuará ativo nas estratégias do negócio e ainda terá mais uma cadeira no conselho de administração”, diz Scottini, da Eleven Financial. “Enxergamos isso como um ponto positivo, por conta de sua vasta experiência no varejo.”
Destaque da matriz
A subsidiária brasileira vem sendo destaque dentro da companhia francesa. Os negócios no Brasil representam 30% do lucro operacional do Carrefour e vêm tendo a melhor performance do grupo, com uma margem EBITDA, que representa a geração de caixa, de 7,5%.
“O IPO da operação brasileira tem sido visto como um dos principais catalisadores do grupo francês”, afirma, em relatório, Daniel Ekstein, Nicolas Langlet e Gustavo Piras Oliveira, do banco suíço UBS.
Atacadão continua em alta
O segmento de atacarejo vem ganhando cada vez mais espaço no dia a dia dos brasileiros, especialmente na crise. E o Atacadão, como a maior rede do Brasil, vai se destacando cada vez mais no balanço do Carrefour: o braço de atacarejo representou 60% de todas as vendas líquidas do Carrefour no País em 2016.
Diversificação é a saída
Além de diversificar os supermercados em diversos tamanhos, o Carrefour também vem tentando abocanhar espaço em outros segmentos do varejo. A sua investida em postos de gasolina e farmácias dentro dos seus hipermercados, por exemplo, ajuda a aumentar o ticket médio dos consumidores.
No final de março de 2017, a empresa contava com 124 drogarias e 73 postos de gasolina.
Já o comércio eletrônico vem voltando a ganhar espaço na empresa após um grande hiato de quatro anos. Desde julho de 2016 no ar, o marketplace da empresa fechou março com 25 parceiros. No site próprio, o Carrefour deve iniciar a operação de vendas de alimentos ainda neste ano.
Imóveis próprios
O Carrefour conta um grande portfólio de ativos mobiliários, onde estão boa parte de suas lojas. Além disso, tem a opção de locar diversos espaços, o que faz aumentar a sua margem e diminuir os seus custos.
Também conta a favor a segurança de localização no longo prazo, de acordo com a Eleven Financial. Atualmente, a varejista possui 2 mil imóveis locáveis, sendo distribuídos em 144 galerias de supermercados e três shoppings.
Banco Carrefour
Uma política de descontos do Carrefour por meio do seu braço financeiro pode ajudar nesse momento de crise. Afinal, eventuais descontos exclusivos, maior prazo de pagamento e compras casadas em todas as lojas do grupo são capazes de aumentar a fidelidade do consumidor e ampliar as vendas da rede.
Royalties para a matriz
Algo que chamou a atenção de maneira negativa dos investidores foi a necessidade de pagamento de royalties da subsidiária brasileira para a matriz. Após atingir uma determinada margem de lucro, o Carrefour Brasil poderá pagar até 0,125% das vendas líquidas para o grupo francês.
Diante de um setor conhecido pelas margens baixas, é um dinheiro que pode fazer falta.