Desde a última segunda-feira (9), está no ar o Movement, a mais nova plataforma do Uber em que a companhia passa a compartilhar publicamente relatórios e ferramentas de medição com base nos dados das 2 bilhões de viagens que seus motoristas fazem em 450 cidades do mundo todos os dias.
A página é especialmente destinada a prefeituras, gestores públicos e pesquisadores de tráfego envolvidos no trabalho de buscar soluções para a mobilidade de suas cidades. Neste sentido, históricos que o Uber possui como tempo de viagem, horários e pontos de chegada e de saída são extremamente valiosos.
“As viagens do Uber ocorrem em toda a cidade, então podemos estimar com segurança quanto tempo leva para ir de uma a área a outra.
“Como o Uber funciona 24 horas por dia, nós podemos comparar as condições de viagem ao longo de diferentes horas do dia, dias da semana, meses do ano – e como o tempo de viagem é impactado por um grande evento, fechamento de ruas e outras coisas que aconteçam na cidade”, disse a companhia, em comunicado cobre o novo produto.
No novo site, por exemplo, já há relatórios que analisam o que aconteceu com o tráfego após uma pane no metrô de Washington ou o que acontece com as ruas de Manila, capital das Filipinas durante o período de férias.
Manila, Washington, Boston e Sidney são as primeiras quatro cidades com o projeto, em caráter piloto, começa, mas outras localidades serão adicionadas aos poucos. Os dados são anônimos e levam em consideração os resultados agregados.
Polêmicas
A notícia foi muito bem-vinda para gestores das cidades, mas também deixou muitos deles com um pé atrás, já que o Uber vem repetidamente negando pedidos de colaborar com as prefeituras há anos.
Além disso, com o lançamento do Movement, o Uber teria uma maneira de abrir seus dados mas sem perder o controle deles, já que é ele quem faz as análises e decide o que entre e o que não.
“Este é definitivamente um passo na direção certa, mas ainda há caminhos a percorrer para que as cidades sintam que elas estão ganhando mais do que informação básica”, disse ao The Washington Post Linda Bailey, a diretora executiva na associação norte-americana de gestores de tráfego do país.
“É frustrante para as cidades que seja um serviço que faz uso do direito público de locomoção, da estrutura pública e que não necessariamente retribui com uma transparência básica e justa”, completou.
Em Nova York, por exemplo, a companhia vem recusando há tempos os pedidos da prefeitura por dados com os pontos e horários das corridas, numa tentativa de verificar se os motoristas estão fazendo jornadas excessivas de trabalho.
O total de viagens que faz para o aeroporto de Charleston, na Carolina do Sul, quantos motoristas há em Houston e Seattle e qual o seguro que usa em Ohio são outras informações solicitadas pelas autoridades locais nos últimos anos, e negadas. A principal alegação do Uber é a privacidade e segurança tanto de seus motoristas quanto dos passageiros.