Engajar o cliente interno faz parte de uma sucessão de fatores, mas aculturá-los de acordo com a filosofia da empresa ou, ainda, criar uma nova cultura que parte do líder, mas é levada adiante por todo o quadro de colaboradores, é um desafio.
Para Fatima Rossetto, diretora de RH da Natura, além de pesquisas e números, o engajamento dos colaboradores traz intenção e propósito para tudo que é feito, aumentando a qualidade percebida pelo consumidor final. ?São muitas as comprovações que temos hoje do impacto do engajamento dos colaboradores no resultado do negócio?;
Os resultados para o consumidor final, segundo Fátima, são melhores produtos e serviços, melhor atendimento e melhor construção de marca. ?O engajamento do colaborador é uma das principais alavancas de engajamento do consumidor e da sociedade com a sua marca, pois tudo é feito e construído com total dedicação?.
Mas como a Natura trabalha o conceito de sustentabilidade na gestão?
?A cultura de sustentabilidade na Natura é bastante forte. Este é um dos diferenciais da marca, responsável pelo nosso crescimento. A crença genuína na sustentabilidade fez com que a Natura inovasse, criando uma marca no mercado a partir dessa diretriz. Os nossos resultados nos permitem entender que a sustentabilidade é nossa forma de fazer negócio. Consolidamos essa cultura com símbolos claros, como a inclusão de resultados socioambientais na PLR da gestão, critérios de relacionamento e sustentabilidade na avaliação de desenvolvimento dos colaboradores e no estabelecimento de uma Visão de Sustentabilidade 2050, com metas e ambições até 2020 para toda a organização?, afirma.
Para ela, os colaboradores percebem essas iniciativas como parte da sua relação de trabalho na Natura e como uma das alavancas de engajamento e propósito. ?É preciso fortalecer constantemente a filosofia da empresa. Sabemos que na velocidade das mudanças atuais, as relações e contextos se alteram muito rapidamente. Torna-se vital manter a filosofia da empresa atualizada e conectada com os movimentos contemporâneos, fortalecendo a relação com os seus colaboradores para que eles se identifiquem e se reconheçam nela enquanto propósito de trabalho e possam, então, refleti-la em suas ações, fortalecendo dia a dia essa filosofia?.
Finalizando os ingredientes dessa receita, para ela, é fundamental a transversalidade da filosofia da empresa em todos os processos de gestão de pessoas e negócios. Para que os colaboradores possam refletir a filosofia e a cultura, é preciso que eles a vejam de forma coerente em todas as etapas de relacionamento com a empresa e que tenham clareza da proposta de valor pela qual podem se engajar.
Em uma empresa que já nasceu com o DNA da sustentabilidade essa tarefa parece ser mais fácil ou, ao menos, mais orgânica, mas como é possível criar essa cultura em uma empresa que não possui essa característica?
?É necessário que a cultura da empresa reflita suas crenças e fortalezas para a perenidade. Quando ampliamos este olhar, entendemos sustentabilidade como uma extensão do papel das empresas na sociedade, inclusive, de modo a permitir que a empresa possa continuar suas atividades no futuro. Portanto é fundamental a conexão com o olhar de negócio e resultado no futuro. Somente com esta conexão clara serão definidos por quais gatilhos uma cultura sustentável poderá agregar ao negócio, garantindo a consistência de uma cultura de sustentabilidade na empresa?.
Sustentabilidade saiu de moda?
?O termo sustentabilidade vive hoje um desgaste, porém, o diagnóstico de quais são seus impactos na sociedade e como esta sociedade precisa ser em 20, 40 anos para que seus resultados continuem positivos possibilita uma reflexão do atual modelo de negócio e de resultados que uma cultura forte pode entregar?.
Portanto, a diretora de RH da Natura reitera que a cultura de sustentabilidade é uma cultura de resultados, porém com um olhar ampliado de quais são esses resultados. Essa ampliação permite inclusive melhores efeitos, possibilitando a conexão de propósito e maior engajamento.
LEIA MAIS:
A importância das marcas na era do consumidor digital
Consumo consciente: o que faz o consumidor perder o controle?