Em média, 35% da renda mensal dos consumidores brasileiros é destinada a serviços ou produtos considerados de luxo, totalizando cerca de R$ 18 mil por ano. O percentual aumenta expressivamente entre a classe C (44% da renda mensal, R$ 12 mil por ano) em comparação com as classes A e B (19% da renda mensal e 40 mil gastos por ano; e 36% da renda mensal e 29 mil por ano, respectivamente).
Os dados são de um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz, que identificou que 68% dos consumidores desse mercado pertencem à classe C e para 52% dessa classe, luxo é poder comprar o que tem vontade.
De acordo com a pesquisa, 89% dos entrevistados já consumiram artigos que consideram de luxo pelo menos uma vez (58 milhões de brasileiros em números absolutos). Entre os respondentes, 68% pertencem à classe C, 63% têm entre 25 e 55 anos, e a maioria toma conhecimento dos itens do mercado de luxo pela internet, mas prefere comprar em lojas convencionais de shopping centers.
A pesquisa também revela a percepção de luxo para as diferentes classes sociais. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse dado pode parecer estranho, mas é compreensível quando analisado o que as pessoas consideram ser uma vida de luxo. “Quando se fala especificamente em produtos de luxo, marcas famosas sempre vem à cabeça, independente da classe social, mas os dados da pesquisa comprovam que a concepção de luxo muda de acordo com as possibilidades financeiras”, afirma.
Os resultados sugerem que, para os pertencentes da classe A, o luxo tem mais a ver com a experiência proporcionada ao invés da compra apenas, ou seja, poder viajar sempre que quiser (63% na classe A contra 42% na classe C), passar o tempo ao lado de pessoas queridas (39% na classe A contra 30% na classe C), frequentar bons restaurantes e ter acesso a produtos e serviços de qualidade.
Uma perspectiva diferente é percebida entre os consumidores da classe C. Entre eles, a associação entre luxo e consumo sem restrição é mais forte, ou seja, luxo é poder comprar o que se quer, sem ter de fazer contas ou cortes no orçamento (52% na classe C contra 39% na classe A).
“A classe C ainda tem restrições no consumo, portanto, o luxo, que muitas vezes coincide com o imaginário de sonho, está justamente relacionado a ir além da restrição. A classe A, que vivencia menos a restrição de consumo, tem como desejo as experiências, principalmente aquelas relacionadas com lazer”, explica a economista.
Considerando o luxo que os entrevistados permitem a si mesmos, os itens mais citados são viagens (22%), alimentação (19%), produtos de beleza e perfumaria (10%), moda (10%) e carros (7%).
A pesquisa também fez uma relação dos produtos que os consumidores pretendem adquirir no ano. As primeiras posições são: eletrônicos (49%), roupas (49%), calçados (42%), perfumes (36%) e viagens (33%). Mas, o cenário econômico em 2015 deve diminuir o consumo.
“Pelos dados percebe-se uma vontade de comprar produtos de consumo mais caros em 2015. No entanto, se isto vai efetivamente ocorrer, não dá para prever”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil.
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