De acordo com dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o mercado de food service foi um dos mais atingidos pelas medidas de restrição adotadas para conter a pandemia. Desde março de 2020, muitos donos de restaurantes, padarias e bares tiveram que inovar para não perder espaço na vida dos consumidores. Cerca de 300 mil não conseguiram e tiveram que fechar as portas por conta da situação.
Mesmo com momentos de reabertura de bares e restaurantes em 2021, o setor ainda não se recuperou totalmente e o futuro do food service no Brasil é visto como algo ainda sem resposta clara, apesar dos números e projeções indicarem um faturamento maior que o do ano passado e com ascensão a partir de outubro, com vacinação em estágio mais avançado, como indicam dados do Sebrae e da própria Abrasel.
A luz no fim do túnel pode ser um serviço que ganhou destaque durante os momentos de isolamento, o delivery, que ainda é preferência de muitos consumidores e deve continuar sendo relevante mesmo pós-pandemia, como aponta a Onda 2 da pesquisa Alimentação na Pandemia da Galunion, empresa especialista em food service, em parceria com o Instituto Qualibest. Para 21% dos entrevistados, a expectativa era de utilizar ainda mais o serviço após o confinamento.
“O delivery mostrou seu potencial durante a pandemia e veio para ficar. Muitos restaurantes que até então resistiam em realizar entregas ou entrar no formato digital (utilizando plataformas) se viram obrigados a entrar nesse formato para sobreviver. E o papel das plataformas foi exatamente o de contribuir com a sistematização da logística, algo complexo e que nem todos tinham conhecimento para implementar dentro do estabelecimento”, afirma Atalija Lima, gerente de comunicação para Uber Eats.
O impacto da pandemia no food service
Na opinião de Atalija Lima, 2020 no Brasil ficará marcado para sempre como um ano desafiador, que exigiu inovação e reinvenção para todos os setores, inclusive o de food service. “Os restaurantes tiveram que buscar maneiras de continuarem relevantes para seus clientes. Isso foi o que mais mudou, com certeza”, diz.
Com o isolamento social na maior parte do País, o desafio maior era, claro, continuar vendendo mesmo a distância e conseguir realizar uma entrega de qualidade, algo a mais para aqueles que ainda não haviam aderido ao delivery.
Para a gerente de Comunicação da Uber Eats, houve uma diversificação e democratização no setor em 2020, impulsionado principalmente pelas novas necessidades dos donos de bares e restaurantes. Além disso, as tecnologias, como as utilizadas nas plataformas de entrega, também tiveram importância para a reorganização do setor durante a crise.
O sistema de delivery foi um grande aliado do mercado de food service durante a pandemia. Na verdade, realizar entregas foi a solução encontrada para movimentar diversos setores da economia, não apenas o de alimentação. Comércios locais, por exemplo, também passaram a trabalhar com delivery, algo que não era regra antes da pandemia.
“Hoje, praticamente todos os setores de bens de consumo podem ser encontrados em aplicativos e entregues em sua casa em poucas horas, muitas vezes. Prestar atenção nesse momento de consumo foi importante para se manter em pé durante a pandemia e vai continuar sendo relevante após o período”, salienta Atalija Lima.
A porta-voz da Uber Eats dá o exemplo de redes de supermercado que passaram a oferecer o serviço, criando inclusive aplicativos próprios para isso, sem depender das plataformas já conhecidas. Ou seja, o delivery foi a grande saída encontrada para se manter relevante na vida dos clientes.
De acordo com uma pesquisa Alimentação na Pandemia da Galunion e do Instituto QualiBest, realizada no final de 2020, a quantidade de pessoas que não tinha aplicativos de entrega instalados caiu de 54% (2018) para 28% (em 2020), uma queda além do esperado neste período de tempo.
Outro estudo, do Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mostra como os aplicativos de delivery ganharam força nesse momento de pandemia. De acordo com os dados, antes da pandemia cerca de 54% dos estabelecimentos ofereciam delivery, número que subiu para 66% em 2020, com um aumento de consumo de 94%.
O futuro do food service está no delivery
Apesar do relaxamento de muitas medidas de restrição desde o início de 2021, o setor de food service ainda não retomou o patamar anterior ao da pandemia, algo que já era esperado pelo mercado.
Em um levantamento realizado pela Galunion e o Instituto QualiBest, desta vez entre março e abril de 2021, 40% dos estabelecimentos mostraram que permanecem com uma redução de mais de 50% das vendas em comparação com 2019.
A maior parte desses negócios continua apostando nas entregas por delivery como saída para faturar mais, mas agora também com estratégias focadas em aumentar esses resultados, como, por exemplo:
● promover e incentivar produtos com maior lucratividade;
● reduzir desperdícios;
● lançar novos produtos;
● melhorar o tempo de preparação/entrega;
● reduzir desperdícios, entre outros.
Segundo Atalija Lima, outra medida tomada por muitos restaurantes para faturar mais foi a criação de novos pratos e até preparos diferentes do costume para atingir um maior número de clientes. “Nós vimos esse movimento entre os restaurantes parceiros. Muitos criaram pratos diferentes, preparos diferenciados, outros tipos de comida, enfim, foram se adequando a fim de aumentarem o faturamento”, conta. Para ela, esse movimento é bastante positivo, pois cria mais oportunidades para esses restaurantes tanto para o momento da pandemia quanto depois dela.
Na opinião da porta-voz da Uber Eats, o mercado de food service ainda está se recuperando de grandes períodos em baixa, mas o caminho é ascendente, já que o setor é um dos mais aguardados pelos consumidores. Além disso, ela salienta que o delivery é o futuro do negócio: “é uma realidade, foi essencial aos consumidores e vai continuar relevante, contribuindo com o setor no Brasil”.
Para ela, uma das preocupações da plataforma, por exemplo, é tornar o delivery mais acessível, levando em conta pessoas com renda mais baixa e trabalhadores. “Um dos nossos programas visa oferecer pratos feitos a R$9,90, ou seja, a pessoa paga barato para comer bem e ainda recebe a comida onde estiver. Acreditamos que esse comportamento será importante no futuro do food service também”.
Considerando as mudanças no comportamento dos consumidores e a necessidade de retomada do food service, Atalija Lima também lembra que o setor agora depende de uma integração entre restaurantes, entregadores e clientes para crescer. “Não é apenas sobre tornar a vida do cliente mais prática, mas também apoiar os restaurantes nesse momento de defasagem e possibilitar uma renda para entregadores, muitos que perderam os empregos formais”, afirma.
+ Notícias
Por que o iFood lançou um cartão físico do iFood Benefícios Elo