* Por Caio Camargo
Foi em um evento recente em Campinas, o 3º Fórum Regional do Varejo, promovido pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), que escutei pela primeira vez o termo ?novo normal?. Alejandro Padron, executivo da IBM, foi quem o disse para a plateia, durante o painel de Tecnologia e Inovação do qual participávamos.
Não havia pensado dessa maneira, mas o varejo precisa encontrar sua nova realidade, seu ?novo normal?.
Sempre fui um grande crítico do atual governo, e embora o Brasil tenha apresentado boas taxas de crescimento nos últimos anos. A hipótese de que todo o consumo no Brasil estava sendo fomentado, e não criado, fez-se valer como tese nos últimos dois anos, frutos de um planejamento econômico mal orquestrado e que não se sustentaria por muito tempo. Deu no que deu. Ruiu.
Quando falamos em crise, falamos em saudade de um varejo que crescia acima de dois dígitos. Sinto muito informar ao amigo varejista: por um bom tempo, ou até que seja criado um consumo estruturado em boas práticas econômicas e trabalhistas, o que teremos é o que estamos vivendo.
Parafraseando o bordão popular, o que teremos ?é o que temos pra hoje?.
O consumo não parou, só está procurando alternativas. Em alguns casos, alguns tíquetes médios cairão, algumas marcas deixarão de vender, mas algumas marcas sairão mais fortalecidas de tudo isso. O segredo para sobreviver está em algo que praticamente todos os especialistas pregavam: você precisa ser mais do que preço, precisa ter algo a oferecer ao seu cliente. Tem que ter diferencial.
Infelizmente boa parte do mercado, mesmo sabendo o que deveria ser feito, não fez a lição de casa, talvez apoiada pelos bons resultados que ocultam a real necessidade de se reinventar a todo momento, de ser dinâmico. Em algum momento, pensamos que poderíamos nos acalmar e apenas desfrutar de um crescimento contínuo por um bom prazo.
O novo normal está aí. Para as marcas que aproveitaram os momentos passados para aprender e, por que não dizer, apreender os conceitos positivos, agora é hora de colher frutos mesmo em um mercado desaquecido. Para aqueles que apenas aproveitaram o momento para se acomodar, talvez os próximos meses sejam uma das últimas oportunidades de não perder o negócio de vez, ou tornar o processo de transformação da empresa complexo demais.
Não dá para também deixar de pensar em novas oportunidades que a crise ou o mercado desaquecido trazem, em substituição ao consumo de outra época. Tal como diz o ditado: Há aqueles que choram, há aqueles que vendem lenços.
Um grande abraço e boas vendas!
* Caio Camargo é blogueiro especializado em varejo, editor do Falando de Varejo