Foi-se o tempo em que ter um plano de saúde era sinônimo de atendimento rápido, efetivo e de qualidade superior. A pandemia do novo coronavírus acentuou precariedades no Sistema Único de Saúde (SUS), que chegou a colapsar em muitas partes do país, e escancarou problemas também no atendimento particular por meio de seguradoras de saúde, que passaram a receber queixas constantes por morosidade, falta de qualidade e reajustes exorbitantes nos planos.
É neste contexto que surgem os novos planos de saúde, como Alice e Sami, healthtechs que focam na superação das falhas dos planos tradicionais e prometem revolucionar o mercado apostando na saúde preventiva, atendimento integrado, uso de tecnologias e acessibilidade.
Novos planos de saúde emergem durante a pandemia
“Rede pública tem UTIs lotadas há cinco dias”, “Risco de colapso leva São Paulo à fase vermelha da quarentena”, “Com medo da Covid, pessoas não vão a hospital tratar infarto ou câncer”, “Planos de saúde têm lucros recordes e reajustes em alta”, “Planos de Saúde têm 1 milhão de adesões durante a pandemia”.
Manchetes como as destacadas acima permeiam o noticiário brasileiro e deixam claro que, com a chegada do novo coronavírus, a saúde passou a ser foco do interesse dos brasileiros. Prova é que, desde o início da pandemia, os planos de saúde ganharam a adesão de 1 milhão de pessoas, totalizando 48 milhões de beneficiários, de acordo com levantamento divulgado pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenSaúde), realizado a partir de dados disponibilizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O problema é que mesmo quem conta com o privilégio de ter o suporte de um plano de saúde particular tem suas queixas, entre elas, a queda na qualidade dos serviços – que inclui questões que vão desde dificuldades de agendamento de consultas com especialistas até as longas horas na fila de espera por atendimento médico emergencial – e reclamações referentes ao valor pago pelos serviços.
Empresas como a Alice prometem revolucionar o mercado apostando em saúde preventiva, atendimento integrado, uso de tecnologia e acessibilidade.
De acordo com a empresa, a principal diferença entre os novos planos de saúde e os tradicionais está no fato de a healthtech atuar como uma gestora. “Assim como uma gestora de investimento te auxilia na hora de investir seu dinheiro, uma gestora de saúde é responsável por ajudar a definir suas metas de saúde e dar todo o apoio necessário para se manter saudável, indo além da função de apenas tratar doenças”, explica a Alice em entrevista.
Saúde preventiva e integrada para diminuir custos e ampliar acessibilidade
Tratar a saúde de forma preventiva é a principal meta dos novos planos de saúde. A estratégia tem como objetivo reduzir riscos com atendimento em caso de doença, que têm custos mais altos, como os de internação.
“Nosso principal diferencial está no que focamos. Enquanto todo o mercado está modelado para cuidar das pessoas só quando elas estão doentes, na Alice, nosso trabalho é todo voltado para a promoção da saúde de fato”, explica a healthtech, que disponibiliza para cada membro associado ao plano um time multidisciplinar, composto por um(a) médico(a), um(a) enfermeiro(a), um(a) nutricionista e um(a) preparador(a) físico.
“A ideia é que, juntos, membro e time definam um plano de ação mirando uma vida mais saudável e os objetivos de vida de cada membro. O Time de Saúde da Alice também tem o papel de apoiar nossos membros a navegar pela nossa Comunidade de Saúde, que é como chamamos a rede credenciada”, destaca a empresa, que mantém convênio com nove hospitais, mais de 200 unidades de centros de diagnóstico e médicos especialistas.
A estratégia de saúde adotada pela healthtech é baseada em resultados e foi proposta pelos professores da Escola de Negócios de Harvard, Michael Porter e Elizabeth Teisberg, em 2006. De acordo com esse conceito, os ganhos não estão relacionados com a quantidade de procedimentos oferecidos, mas, sim, com a qualidade do atendimento, com a experiência como um todo e com os resultados obtidos.
“Hoje, o sistema de saúde suplementar brasileiro é fundamentado na proposta de ‘pagamento por serviços’, que muitas vezes gera desperdícios e cujos altos custos acabam pesando no bolso do consumidor. Dados da ANS mostram que o Brasil perde cerca de R$ 30 bilhões por ano com esse sistema. A estratégia adotada pela Alice é diferente e combina atenção primária à saúde com coordenação de cuidado, tecnologia e o modelo de saúde baseada em resultados”, compara.
Mais saúde, menos desperdícios e custos menores são os fatores mais relevantes do novo modelo de planos de saúde. “Temos evidências claras de que dá certo: 81% dos membros da Alice melhoraram sua saúde mental, 71% apresentaram uma melhora em sua qualidade de vida como um todo e 47% daqueles que eram obesos deixaram de ser”, apresenta a empresa.
Tecnologia reduz custos e facilita atendimento
O uso da tecnologia com o objetivo de integrar profissionais, aprimorar o atendimento e reduzir consultas presenciais também é uma aposta dos novos planos de saúde, que buscam olhar com atenção para toda a jornada das pessoas dentro do sistema.
Enquanto nos planos de saúde tradicionais o usuário se encarrega de consultar diferentes especialistas e recorrer a laboratórios e hospitais de forma fragmentada, os novos planos de saúde integram profissionais e informações, garantindo que todo o histórico de saúde da pessoa fique registrado no aplicativo.
“O sistema de saúde suplementar é muito fragmentado. O especialista faz a sua parte, assim como o hospital e os laboratórios, mas não há ninguém olhando de uma maneira integral para cada pessoa. Você já deve ter ouvido casos de pessoas que, diante de um sintoma, foram por conta própria para um especialista, e só depois de um tempo descobriram que, na verdade, deveriam estar se tratando com outro profissional”, cita a healthtech.
No novo modelo, laboratórios, hospitais e especialistas parceiros são integrados à plataforma de tecnologia. “Quem já teve que repetir diversas vezes os sintomas de um problema de saúde ou o histórico pessoal em diferentes atendimentos sabe do que a gente está falando. Ter o acesso a essas informações de uma maneira estruturada e simples é peça-chave para uma coordenação de cuidado completa e precisa, com tratamentos e condutas personalizados”, reforça.
A combinação de tecnologia e saúde, aliás, promete ser um caminho sem volta. Isso porque, além da integração de dados, ela representa uma evolução importante nos modelos de atendimento à distância. Na Alice, por exemplo, é possível tirar dúvidas com especialistas ou receber atendimento imediato por meio de textos, áudios ou videochamadas.
“85% das queixas de nossos membros são resolvidas pelo Alice Agora. Isso poupa as pessoas de terem que ir ao Pronto-Socorro ou consultas sem necessidade – o que é mais seguro, mais saudável e não gera desperdício de recursos”, destaca.
O futuro dos serviços de saúde
Aporte tecnológico e modelos que coloquem as pessoas no centro das atenções e que as consideram de uma maneira integral parecem ser o futuro dos serviços de saúde.
“A verdade é que esse mercado ficou muitos anos sem inovações. Sabíamos que para ter o impacto necessário, precisaríamos olhar para toda a jornada das pessoas no sistema”, pondera a Alice.
A conclusão da empresa é baseada na premissa de que as pessoas estão mais empenhadas em ter uma vida mais saudável e em envelhecer bem. Neste sentido, ter um time que as apoia nessa jornada é fundamental.
“Por isso, mesmo com tão pouco tempo de operação, nosso produto tem sido tão bem aceito no mercado. Crescemos em média 51% ao mês desde nosso lançamento, o que mostra que estamos causando um impacto muito positivo na saúde das pessoas. Atualmente, já ultrapassamos 1780 membros e, recentemente, anunciamos a ampliação de nossa rede de parceiros, com a chegada de novos hospitais e laboratórios. Até o final do mês, quando todos os laboratórios estiverem integrados à nossa comunidade de saúde, teremos 30 opções de planos modulares”, revela a healthtech.
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