A expectativa do mercado é que o Brasil cresça menos de 1% neste ano, mas isso não significa que o varejo seguirá o mesmo ritmo. Segundo Jorge Inafuco, diretor de varejo e consumo da PwC, o setor continuará em ritmo de crescimento, ainda que o País não ajude. ?Muito se fala que o modelo de crescimento com base no consumo está em esgotamento, mas estamos com taxa de desemprego baixa e aumento da renda. Então, é possível olhar para um crescimento real do varejo sim?, avalia o executivo, que participou do Linx Retail Forum 2014.
Segundo o executivo, o varejo brasileiro apresentou o quinto maior crescimento do mundo, em 2013, de 8%. ?Ainda veremos uma onda de consumo nos próximos cinco anos, mas menor?, diz. Segundo a Euromonitor, de 2013 a 2018, o setor apresentará um crescimento anual real da ordem de 4%, mas haverá segmentos que se destacarão mais, como o e-commerce, que vai dobrar de tamanho no período. As lojas de desconto, em que se insere o atacarejo e os outlets, devem crescer 9% ao ano. As vendas diretas, segundo Inafuco, devem se fortalecer e crescer 6% ao ano, assim como o varejo de serviços de saúde e beleza. A expectativa é a de que hipermercados cresçam quase 2% ao ano. ?Este desempenho se dará mesmo com PIB no patamar de 2%?, afirma.
Esse quadro poderia mudar para o setor se a taxa de desemprego crescesse ? o que não é esperado pelos economistas. Segundo ele, o número ?mágico? para o varejo é um desemprego de 8,5%. ?Este é o limite e até aí o varejo suporta. Acima disso, o setor trava?, afirma. Hoje, essa taxa permanece na casa dos 5%. Apesar as boas notícias, a mudança no cenário econômico tem provocado mudanças no setor. Para Inafuco, o modelo baseado no consumo se esgotou e as famílias que entraram para as classes A e C já consumiram o que tinham de consumir. ?Não tem novos entrantes?, diz. Isso significa que se o varejo não se reinventar, pode perder oportunidades ? que ainda estão aí, principalmente nas classes C e A. ?Muitos esquecem de que houve uma forte migração de famílias para a classe A. Elas representarão 2,3% da população em 2017?, diz
Para não ficar para trás, o varejo precisa buscar novos modelos de negócio e ampliar os canais. ?É imperioso ganhar escala nesta década. Até 2020, o Brasil deverá ser o mercado que mais chamará atenção do mercado externo e o motor da expansão ficará mais forte?, afirma. O movimento de fusões e aquisições, por conta disso, será intenso nos próximos anos, avalia o executivo. ?Operação e controle serão os dois drivers e alguns varejistas têm de pensar em acelerar, que é uma expansão orgânica ou fusão e aquisição. É hora de pensar em outros canais e outros portfólios?.
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