Estamos em Montevidéu, capital do Uruguai e cidade que transpira tranquilidade e civilidade, para mais uma edição do New Retail Summit, evento da Consumidor Moderno voltado para as lideranças do varejo brasileiro, às voltas com um notável processo de mudança, potencializada pela digitalização e as inúmeras mudanças no comportamento do consumidor.
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Este ano, o New Retail Summit discute a dinâmica dos e-commerces e dos marketplaces, bem como um roadmap para tomada de decisões que envolvem inovação e a experiência do cliente.
Fruto de uma parceria entre a área de conhecimento do Grupo Padrão e a especialista global de inovação, Graziela di Giorgi, o conteúdo inclui uma exposição teórica repleta de insights, cases, palestras de convidados especiais de empresas como Apple e Spotify, além de trabalhos em grupo.
A ideia central é dar aos participantes ferramentas para enfrentar um cenário de mudanças constantes e intensas, desenvolvendo habilidades como adaptabilidade, força inovativa e criatividade.
“Estamos vivendo um momento interessante: se tomarmos por base o que a mídia derrotista expõe, não teremos muito futuro. Mas os fatos mostram que o país tem condições espetaculares: a matriz energética mais limpa do mundo, o agronegócio mais inovador do mundo, um varejo robusto e criativo, espírito empreendedor, um ecossistema financeiro sem similar”, enfatiza Roberto Meir, CEO do Grupo Padrão, que edita a plataforma Consumidor Moderno.
Segundo Grazi Di Giorgi, o New Retail Summit veio para trazer novas lentes, para provocar reflexões e compartilhar ferramentas que mudam a maneira de pensar, destacando que não existe certo ou errado. Levanta ainda que é necessário suspender verdades, treinar o desapego e ter confiança no processo. São regras de ouro que ajudam a criar espírito de colaboração e cocriação.
Leia mais: A importância da cocriação no employee experience e cultura da empresa
O início dos trabalhos buscou mostrar ideias e preconceitos da inovação corporativa, e os efeitos de mentalidades consolidadas e culturas corporativas. “O objetivo é abrir a cabeça e equipar os participantes com ferramentas práticas, a partir do entendimento do quão difícil pode ser inovar”, pontuou a especialista.
Passando por princípios da economia comportamental, Grazi procurou demonstrar como entender a maneira que pensamos para mudar como atuamos. A economia comportamental traz elementos para compreender como cobrir as lacunas entre razão e emoção.
A partir de um estudo profundo sobre a capacidade de inovação corporativa, Di Giorgi entendeu como o processo leva ideia à prática. A especialista explica que se trata de uma sucessão de camadas, que inclui um checklist de critérios de avaliação da ideia, a capacidade intuitiva, as razões para crer, a confiança para estabelecer consensos, e a fase final de validação.
A questão que nos permeia, portanto, é até que ponto esse processo conduz à previsibilidade? Esse é um dos dilemas da inovação nas corporações e nas empresas incumbentes?
É preciso compreender também que durante o processo, a inovação sofre com os vieses, tais como a “aversão à perda”. E esse víés é poderoso, e tem potencial de influenciar nosso comportamento negativo na proporção de dois para um em relação à felicidade de ganhar alguma coisa. Por outro lado, o viés de curto prazo nos induz à gratificação imediata, ativa o nosso modelo mental de preservação do agora em detrimento da disciplina da espera pelo resultado futuro.
O viés de curto prazo é outro indutor da mentalidade anti-inovação. Ou seja, nosso comportamento prioriza a pendência em detrimento de olhar as tendências. Dessa forma, é muito natural reforçar um terceiro viés, chamado de viés de status quo. Seguimos fazendo tudo como sempre foi feito, e muitas vezes não questionamos porque não buscamos formas diferentes de fazer. O risco de não fazer nada é superior ao de tentar fazer diferente. “Não estamos focados na inovação, mas na manutenção”, destaca Grazi.
Os últimos viéses que impedem a inovação são o “efeito manada”, a busca pelo consenso confortável da previsibilidade, porque ele reforça as crenças existentes. A propensão a seguir o efeito manada muitas vezes nos leva a exercitar o viés da confirmação, não por acaso, evidenciado hoje na polarização verificada nas democracias globais.
Quanto mais as empresas se situam no campo de influência dos vieses, menos inovadoras elas são, o que Grazi define como “Efeito Iguana”.
As empresas iguanas só têm a camada reptiliana, enquanto que as empresas humanas, desenvolvem as camadas límbicas e néo-córtex também. As empresas iguanas são imediatistas, focadas em market share, lucro e vendas. No fim do dia, a relevância de uma empresa é determinada pelo quanto ela é focada no consumidor e procura gerar valor para ele.
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