A Netflix virou uma companheira de boa parte da população ao redor do mundo. Está triste? A Netflix te ajuda a sair da fossa. Está alegre? As séries podem potencializar esse sentimento. E por aí vai. Séries produzidas pela própria empresa, como House of Cards e Stranger Things, são esperadas com afinco pelos fãs. Também são sucessos de crítica. E não por acaso a empresa vai investir US$ 8 bilhões em conteúdo próprio este ano. Mas será que faz tanto sentido?
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Olhando os resultados, ninguém ousaria dizer que a empresa não está seguindo o caminho correto. Longe disso. O faturamento da Netflix no ano passado saltou de US$ 8,8 bilhões para US$ 11,6 bilhões, crescimento de 31,8%. No primeiro trimestre, nova alta: receita líquida de R$ 3,7 bilhões. No último ano, as suas ações listadas na bolsa americana Nasdaq aumentaram 135% e fecharam em US$ 332,70 nesta quinta-feira (19).
Uma análise da consultora 7Park Data, contudo, mostrou algo curioso. Cerca de 80% dos acessos da Netflix nos Estados Unidos é de conteúdo licenciado. E os números vão além. Por volta de 42% assistem quase que integralmente (95% do seu tempo) produtos licenciados. Somente 18% do total de assinantes assistem vídeos da Netflix por mais da metade do tempo dedicado à plataforma.
Entre as séries que mais chamam a atenção dos assinantes, estão dramas e comédias consagradas. Breaking Bad, Grey’s Anatomy, How I Met Your Mother e The Office foram as mais assistidas do período de setembro de 2016 até setembro do ano passado. Do lado da Netflix, Stranger Things, Orange is the new Black e House of Cards ocupam as primeiras posições.
O investimento vai continuar
A despeito dos números da pesquisa da 7Park, a Netflix vai investir na produção de 700 episódios de séries e 800 filmes. Para se ter uma ideia do tamanho do aporte, equivale a cinco vezes o que a BBC gasta por ano em televisão.
De fato, o conteúdo original pode atrair mais assinantes. Podemos ver isso na guerra por conteúdos exclusivos até nos vídeogames, como a disputa entre PlayStation, da Sony, e Xbox, da Microsoft. Mas o estudo mostra que 58% dos assinantes novos preferem os conteúdos licenciados na Netflix – no rival Hulu, o percentual é ainda mais alto: 89%.Outra questão é a coleção de fracassos que a empresa vem tendo em alguma de suas produções. Claro que é preciso arriscar, mas alguns erros da Netflix estão saindo bem caros. A série Marco Polo, por exemplo, durou duas temporadas e teve um prejuízo de vultosos US$ 200 milhões.
House of Cards, que teve o seu ápice nas primeiras temporadas, mas que sofreu com falta de continuidade do enredo e o escândalo de assédio sexual sofrido pela estrela Kevin Spacey, também vai entrar na lista de cancelamentos após a sexta temporada. Spacey sozinho, aliás, causou um custo de US$ 39 milhões à Netflix por conta do encerramento de seu contrato.
Exemplos de séries canceladas não faltam: Sense 8, To Get Down, Girlboss, entre outras, engrossam a lista. Para 2018, a empresa espera que esses US$ 8 bilhões sejam suficientes para evitar fracassos retumbantes. A ver.