Quando as empresas começaram a criar os primeiros sites corporativos era essencial explicar ao consumidor e aos parceiros, em um campo específico na home, a missão daquela empresa. Com o tempo, o discurso virou padrão e falar sobre missão tornou-se carne de vaca. Todas as empresas tinham um mesmo discurso programado.
Com a nova economia e o surgimento de um consumidor mais exigente, foi preciso repensar dentro das empresas os propósitos que as levam a abrir as portas todas as manhãs e que agregam executivos e colaboradores em um mesmo objetivo.
“O propósito é o que me faz acordar e ter vontade de trabalhar. O dinheiro será consequência de um trabalho feito da melhor maneira possível”
Sergio Zimmerman
Petz
Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de Relações Externas do Clube de Regatas Flamengo, avalia a questão do ponto de vista de quem foi, durante muitos anos, executivo de um dos maiores grupos de mídia do País e decidiu deixar o cargo para dar mais sentido à sua vida.
“Fui, em 36 anos, executivo e era difícil incutir paixão em mim mesmo. Havia uma lacuna na minha vida. Há 10 anos eu resolvi descer da arquibancada e entrar em campo. Eu tive saúde, tive educação, não passei necessidade, mas tinha um lado em mim que não me deixava ser feliz. O meu lugar agora é ao lado de 42 milhões de pessoas e o meu propósito é colocar mais alegria no dia a dia de todas elas”, diz o cartola do clube carioca.
Escalada
Para Laércio Albuquerque, presidente da Cisco no Brasil, o seu propósito de vida apareceu tardiamente. O executivo teve uma infância de necessidades e descobriu tarde que havia mais para fazer na vida que correr atrás do pão. “Comecei meu primeiro emprego com 14 anos como office boy, antes, peguei papelão. Só queria ganhar dinheiro e só fui pensar em propósito muito lá na frente. A vida me mudou muito e, com a vida feita, com família e lado financeiro estabelecidos, a palavra propósito floresce e muda tudo”, conta Albuquerque.
Também de origem humilde, Luiz Gutierrez, CEO da Mapfre no Brasil, ressalta a importância de diferenciar propósito e necessidade. Ele começou a trabalhar aos 12 anos e, na época, sua necessidade era comer, e não havia propósito.
“Não havia sonho. Em ‘Alice no País das Maravilhas’, o gato diz a Alice que se ela não sabe onde ir ela pode pegar qualquer caminho. Fui para a Mapfre segurando as portas para que os clientes não a batessem na minha cara. E hoje sou o CEO do grupo no Brasil”
Luiz Gutierrez, CEO da Mapfre no Brasil
Propósito: conceito da nova economia
Quando Cassio Azevedo, fundador da AeC, acorda pela manhã, mais 25 mil pessoas vão trabalhar junto com ele, com um mesmo propósito. No começo da empresa, em 1992, ele e apenas mais dois sócios e um computador das primeiras gerações dividiam o espaço de trabalho. “Na época, o foco em ganhar dinheiro era zero. A ideia era montar uma coisa muito bacana. Percebemos nos últimos 10 anos, apenas, que estávamos ganhando dinheiro”, conta Azevedo.
Para Ricardo Bomey, CEO do Bob’s, as grandes empresas que nasceram antes da era digital não tinham essa necessidade de seguir um propósito diferente do lucro. Hoje, porém, são cobradas desde o seu nascimento.
“Nas startups é preponderante ter propósito, e é diferente do que nós, executivos de outra época, vimos no começo da carreira. O papel que a empresa que está surgindo vai assumir se tornou muito mais importante”
Ricardo Bomey,
CEO do Bob’s