A desigualdade de gênero no Brasil continua em níveis alarmantes, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo estudo “Estatísticas de Gênero”, do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mulher ganha menos do que o homem, mesmo trabalhando e estudando mais.
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Em média, o salário das mulheres, em 2016, era 23,5% menor em comparação ao contexto masculino. Na categoria de ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença fica ainda mais evidente: elas recebiam 36,6% a menos.
Os rendimentos, no entanto, não refletem em uma proporção adequada de horas trabalhadas. Pelo contrário. O IBGE diz que há uma diferença de, aproximadamente, três horas entre os gêneros. Somando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas, as mulheres se ocupam, em média, por 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens.
Trabalhos extras não remunerados
O salário menor das mulheres pode ser explicado justamente pela maior quantidade de trabalho em afazeres domésticos e cuidados de pessoas, que, na maioria dos casos, não são remunerados, como mostra o IBGE. Em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os homens (10,5 horas). Essa diferença chegava a 80% no Nordeste.
Isso corrobora com o fato de a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro em comparação a dos homens. Há dois anos, 28,2% das mulheres ocupadas trabalhavam parcialmente, contra 14,1% dos homens. “Em função da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem compelidas a buscar ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível”, explica a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo.
Escolaridade da mulher é maior
Em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar líquida (proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens. Isso significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar.
“A trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e à entrada precoce dos homens no mercado de trabalho, faz com que as mulheres tenham um maior nível de instrução”, relata o IBGE. Na faixa dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% das mulheres tinham completado a graduação, contra 15,6% dos homens.
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