O especialista em ciências ambientais e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Reinaldo Dias, falou ao portal sobre como isso pode piorar quando a população não é bem informada sobre a real situação. Confira no texto abaixo.
A realidade é outra. Os rios estão secando, a vazão diminuindo a cada dia, o que torna a situação pior do que no mesmo período do ano passado. Grandes reservatórios não recuperaram sua capacidade anterior e operam ainda com volume morto, portanto, abaixo do nível normal.
As ondas de calor que atingiram a América do Norte, Europa, e diversos países asiáticos, embora normais, foram bastante incomuns, pois o aquecimento global que provoca as mudanças climáticas fez com que sua frequência, intensidade e alcance aumentassem. Os resultados foram dezenas de milhares de pessoas hospitalizadas e muitas mortes.
No início do mês de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgaram novas orientações para enfrentar as contínuas ondas de calor que atingem o planeta. Manifestam a preocupação com o agravamento das condições climáticas no mundo e, em particular, com as altas temperaturas, a frequência e a intensidade das ondas de calor.
Os cientistas apontam que enfrentaremos as maiores temperaturas desde que se iniciaram as medições no século XIX. No Brasil, as diversas instâncias governamentais já deveriam estar preparadas e, principalmente, alertando a população com comunicações realistas e um amplo trabalho de educação ambiental que prepare crianças, jovens e adultos a enfrentarem essa nova situação.
O calor excessivo pode causar desidratação, insolação, enjoo, acidentes vasculares e atingem principalmente as crianças, os idosos e os doentes. A criação de sistemas de enfrentamento da crise hídrica que se aproxima é urgente, com destaque para a informação correta da população, sem meias palavras ou inverdades. A máxima é utilizar as palavras corretas para situações concretas.
Somente com o público informado e com uma participação ativa no processo de uso racional da água, poderemos evitar uma catástrofe maior do que aquela que ocorreu no ano passado. O calor virá, a chuva será pouca e, para agravar a situação, o fenômeno El Niño, que ocorre devido ao aumento da temperatura nas águas do pacífico e nos atinge diretamente, será um dos mais significativos e duradouros dos últimos anos. Ainda dá tempo de mobilizar a população para evitar o pior.