O ICV Saz (Índice de Consumidores do Varejo Sazonal), indicador lançado hoje (2) pela SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) e Virtual Gate, empresa de tecnologia, mostra que durante a Black Friday o fluxo de pessoas em lojas físicas cresceu 46%, na comparação com a data de 2013.
Frente a média das três sextas-feiras anteriores, o fluxo na sexta de descontos foi 112% maior. O número, no entanto, não representa aumento de vendas.
Em dias normais, o volume de fluxo é proporcional ao crescimento de vendas. No entanto, em datas muito específicas e com fluxo alto, como foi a Black Friday neste ano, dificilmente isso ocorre, segundo o presidente da SBVC, Eduardo Terra.
“É muita gente e neste caso, provavelmente, o varejo não se preparou para a data e houve problemas de ruptura e conversão”, explicou. “As lojas não estavam preparadas para receber tanta gente”.
Pesquisa da Serasa Experian divulgada ontem (1) mostrou que houve queda das vendas no varejo físico de 4,6% durante a sexta-feira promocional. Com base no crescimento de 46% no fluxo de pessoas, no entanto, Terra não acredita em quedas.
Para a medição do fluxo das lojas físicas durante a Black Friday a base utilizada foi de 1200 lojas monitoradas pela Virtual Gate – as mesmas lojas do ano passado.
Uma das conclusões do índice é que a Black Friday, pelo primeiro ano, tornou-se um evento também do varejo físico. “É uma resposta do varejo físico ao varejo online. E as próprias lojas não esperavam isso”, disse Terra.
Outra conclusão é que a data não é de apenas um dia. Pelo Brasil foi possível ver tanto no online como no offline varejistas antecipando e prolongando os preços promocionais.
O fato é possível ser comprovado em fluxo: na quinta-feira pré-Black Friday o aumento de movimento nas lojas foi 4% maior. O sábado apresentou aumento mais intenso, de 14%, e o domingo foi a ressaca, pois o movimento caiu 4%.
Frente a média dos últimos três sábados, o fluxo do dia pós promoções foi 59% maior e o domingo, apesar da queda, nessa média, teve crescimento de 44%.
A dúvida que fica é o quanto desse fluxo se reverteu em vendas. Mais: o quanto de todo esse movimento não representa uma antecipação do movimento de Natal.
Recuperação
Além do ICV Saz, que medirá o fluxo em datas sazonais do varejo, a SBVC e Virtual Gate também lançaram o ICV 30 (Índice de Consumidores do Varejo Mensal), que monitorará mensalmente o fluxo de pessoas dentro das lojas, ajudando o varejo a mensurar o comportamento dos clientes ao longo do tempo e tomar decisões com base nessas informações.
E o que se viu durante o mês de novembro foi um aumento de 9,5% no fluxo frente a outubro e de 1,2% no acumulado dos últimos 11 meses. “A grande conclusão é que houve uma recuperação, mas a dúvida é se ela interferirá nos resultados de dezembro”, disse Terra.
A partir desses números, o especialista acredita em uma retomada de crescimento nas vendas do varejo. Esse desempenho, considerando vendas, deve variar de queda de 1,5%, se dezembro for fraco, a 1,5% de crescimento, caso o último mês do ano apresente bom desempenho. “A resposta do PIB está em cima do que vai acontecer em dezembro”, afirmou Terra.
Para o especialista, o aumento de fluxo também é um reflexo de outro indicador que vinha apresentando quedas: a confiança. Segundo dados divulgados na última semana pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 6,1% entre outubro e novembro deste ano, chegando a 95,3 pontos – o menor nível desde dezembro de 2008.
“A grande crise é de expectativa e confiança. Os fundamentos estão em ordem. Em um cenário de falta de confiança, as pessoas nem vão às lojas. Então, o indicador sinaliza que as pessoas podem estar mais confiantes”, segundo o especialista.
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