A mobilidade – e sua consequente conectividade – veio para mudar tudo. É bem verdade que muitos varejistas ainda não encontraram a fórmula para chegar ao sucesso no e-commerce, mas é fato que o número de brasileiros conectados abre um leque imenso de oportunidades. Dos 207 milhões que compõem a população do país, apenas 118,7 milhões são usuários de internet e e-consumidores ativos, 39 milhões. Ou seja, há um enorme potencial pela frente. Especialmente se pensar na mobilidade: é cada vez maior o número de brasileiros que possuem um smartphone e acessam a internet por ele.
Foi justamente sobre as possibilidades abertas aos varejistas por essas tendências que falaram Fábio Fialho, diretor de novos negócios, e Luiz Pavão, COO, ambos da Infracommerce, no Workshop Omnichannel possível, no primeiro dia do BR Week. Com exemplos práticos de clientes da empresa – especializada em oferecer uma solução completa para varejistas –, os dois conquistaram o público presente.
“Nos EUA, compras via desktop não crescem mais, só via mobile. No Brasil, ainda há um grande potencial”, comenta Fábio Fialho. Os dois apresentaram as principais tendências de possibilidades que virão pela frente, em um futuro não tão distante, que a mobilidade (e a sua consequente conectividade) pode oferecer. Inclusive com exemplos práticos.
Omnicanalidade
“O grande problema da ominicanalidade é que todas as indústrias ou varejistas que entravam no e-commerce não acoplaram ao dia a dia da empresa, montaram como se fosse um outro negócio. O cliente era tratado de formas diferentes no e-commerce e na loja física”, explica Fialho.
“Quando a gente fala de omnipresença, não importa onde e como. O cliente tem que ser tratado da mesma forma e seus dados tem que estar em um CRM único. Os canais precisam conversar. O consumidor pode comprar pelo tablet, smartphone, desktop ou loja”, completa Luiz Pavão.
Neste caso, a mistura de devices pode gerar inúmeras ideias que podem se converter em economia para as empresas e conveniência para os consumidores. Um exemplo simples é a possibilidade de uma loja contar com um tablet onde o consumidor pode comprar, na hora, o produto no tamanho ou cor que ele queira, sem ser necessário haver um estoque grande. Esse produto pode ser entregue na casa do consumidor – o importante, é efetivar a venda de forma simples e cômoda para ele. “Há uma tendência de uberização do e-commerce”, afirma Fábio Fialho. “E estamos quebrando paradigmas com relação a e-commerce, que não é um canal de conflito, não vai quebrar o negócio, vai somar”, completa Pavão.
Ao mostrar os cases da Morena Rosa, da RayBan, da Smart Fit e da Decathlon, – que está investindo em um modelo de pick-up store: o cliente compra online e retira em um Posto Ipiranga, que entrou como parceiro –, eles apresentaram exemplos de como investir em um cruzamento de canais deu bastante certo.
Um exemplo de muito sucesso foi um case da RayBan, que colocou uma PopUp Store no Lollapalloza, onde passam 20 mil pessoas por dia. Era um espaço para fazer comunicação, com totens e tablets onde as pessoas podiam comprar óculos com descontos e os óculos seriam entregues no dia seguinte. Houve quem ficasse por três horas na fila. “São variações do showroom. E podem ser levadas para qualquer lugar – um festival de verão na praia ou de inverno em Campos do Jordão. E o cliente pode receber o produto no dia seguinte, com a venda online efetivada”, explica Fialho.
Recorrência em vendas.
Há produtos que as pessoas precisam todo mês. Ou toda semana. Ou a cada três meses. Ração de pets ou produtos de limpeza, por exemplo. Se, ao invés de ter que ir ao mercado comprar um sabão em pó, sempre da mesma marca, todos os meses, por que não o cliente programar uma compra por alguns meses?
O case apresentado foi o da Wine.com.br, que é de recorrência por assinatura. Ao pagar um valor mensal, os clientes recebem vinhos em casa. Mas o sucesso da marca se deve também que, além do produto, oferece conteúdo educacional. O site ensinou o brasileiro a tomar vinho.
Marketplace
Aqui, há duas oportunidades. Para o varejista, tornar-se um marketplace. Para uma indústria, estar em um. Com a mobilidade, há grandes vantagens para quem investir em marketplaces com ferramentas específicas para esses devices.
Customização em massa
Mais um case de sucesso aqui é da RayBan, que permite a customização de óculos feitos na Itália – e que chegam em 20 dias ao Brasil. Dá até para colocar o nome do consumidor. “A indústria vira o varejo e varejo acaba virando indústria. A Internet permite essa aproximação, dá a chance para o varejista customizar o produto. Todos os pedidos do mundo inteiro de RayBan customizado são todos feitos em um único lugar, na Itália”, explica Pavão.
“Quando um produto é customizado, o ticket médio é quase 50% mais alto. A operação fica mais rentável”, conclui Fábio Fialho. E, com a mobilidade, dá para colocar tablets conectados nas próprias lojas, onde o cliente consegue customizar seu produto e receber em casa.
B2B
A indústria está se posicionando para usar o e-commerce a seu favor. Aqui, o case apresentado foi o da Unilever, que desenvolveu um modelo de negócio para atender aos pequenos comerciantes que precisavam comprar em atacados. Como são comércios em lugares distantes, os distribuidores podem não conseguir atendê-los.
O e-commerce B2B vem para ajudar a todos: o pequeno comerciante pode fazer seu pedido pela internet (antes, ele talvez se sentisse muito insignificante para solicitar a visita de um representante), ele pode entrar no radar do representante, que o atende online e a Unilever ganha estes milhares de pequenos clientes. Mais uma vez, vale lembrar: com a mobilidade, é cada vez maior o número de pequenos comerciantes conectados.
O fim dos atacados? E se os pequenos comerciantes migrarem para o e-commerce, será o fim do atacadão? Os especialistas negam. Eles atenderão o consumidor final e comércios como lanchonetes ou restaurantes, que são seu público específico.
Cross Border
Esta tendência fala da integração com marketplaces de outros países. É simples: do mesmo jeito que os EUA vendem por aqui através da Amazon, a Argentina com o Mercado Livre, e a China com alguns e-commerces, por que não o contrário também acontecer?
O Workshop Omnichannel possível apresentou mais cases e números. Para ver todos eles, assista novamente amanhã (29), das 15h às 16h30 na Sala 4.