No começo de 2022, as expectativas eram muitas, especialmente em relação à volta dos eventos públicos. Com tantos acontecimentos agendados, como eleições, Copa do Mundo, shows e festivais, os brasileiros ficaram esperançosos e ansiosos pela volta, enfim, da vida social mais agitada. Segundo um relatório da MindMiners, empresa de tecnologia que oferece ferramentas para pesquisa de mercado, 42% dos respondentes tinham estabelecido objetivos para 2022 e já estavam trabalhando para alcançá-los em fevereiro, quando o levantamento foi feito.
Mas, dessas pessoas, quantas realmente conseguiram conquistar esses objetivos dentro deste ano? E com algumas incertezas permanecendo, como a situação dos casos de covid-19 com novas variantes, quais são as expectativas para 2023? A seguir, confira os principais destaques do estudo da MindMiners e como essas projeções vão interferir nos hábitos de consumo.
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Expectativas para 2023: dinheiro e saúde continuam no topo
As expectativas para o próximo ano se dividem entre os respondentes: enquanto metade estabeleceu metas, a outra metade não criou nenhum plano. Essas metas estão relacionadas principalmente a dinheiro (54%), saúde física e mental (50% e 49%), vida profissional (47%) e lazer (36%). Menos citadas, estão os objetivos relacionadas a educação (33%), bens materiais de grande porte, como casa e carro (28%), beleza e estética (22%) e família (18%).
As únicas metas que aumentaram para 2023 em relação ao estabelecido para 2022 foram:
- guardar dinheiro (77%, 3% a mais);
- começar alguma modalidade de exercícios, como yoga ou pilates (27%, 2% a mais);
- trocar de emprego (27%, aumento de 7%);
- ir em shows e festivais de música (39%, aumento de 3%);
- começar ou concluir um novo período acadêmico (55%, 9% a mais);
- fazer um curso de curto período (aumento de 4%);
- e renovar o guarda-roupas (65%, 4% a mais que em 2022).
O restante permaneceu o mesmo ou tiveram as expectativas reduzidas para 2023, como investir em negócio próprio, fazer exames de rotina, consultar um psicólogo, ter reconhecimento profissional, assistir a mais séries, aprender um novo idioma e comprar uma casa.
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O que foi cumprido em um ano?
Sabe aquela lista de metas feitas no final de 2021? Aparentemente elas serão empurradas para 2023 ou abandonadas em 2022 mesmo. Dos 42% que tinham estabelecido objetivos em fevereiro de 2022, apenas 28% disseram ter conseguido cumpri-los – número 10 pontos percentuais a menos do que o declarado sobre 2021.
Assim como os planos que estão em mente para 2023, as metas traçadas para 2022 estavam relacionadas especialmente a dinheiro, saúde física e mental e vida profissional. Planos com educação, no entanto, vinham antes de lazer.
Dentre os objetivos para este ano relacionados à saúde em geral, estavam o desejo de melhorar os hábitos alimentares, citado por 73% dos planejadores. Essa, contudo, pode ser uma das metas não realizadas se analisarmos os dados do relatório Consumer Insights, da Kantar.
O estudo mostrou que o consumo de alimentos processados aumentou, e os brasileiros substituíram o consumo de frango nas refeições principais (que caiu 11%) pelo de linguiça, hambúrguer e salsicha (que aumentou 21%, 23% e 27%, respectivamente). Os dados são relativos a junho de 2021 a junho de 2022.
Segundo a Kantar, uma das possíveis explicações para a queda na qualidade da alimentação é a inflação, que fez os consumidores deixarem de comprar alguns produtos e mesclarem alimentos de menor qualidade nutricional (e menor preço, também) com outros mais nutritivos.
Finanças preocupam, mas brasileiros também estão esperançosos
Como a pesquisa da MindMiners mostrou, dinheiro é o principal tema citado quando o assunto foram as metas de 2022 e as expectativas para 2023. Entre a metade dos respondentes que possuem um emprego, 28% deles têm o hábito de guardar dinheiro, 23% guarda e investe e 17% apenas investe – nesse último grupo, houve um aumento de 5 pontos percentuais do começo para o fim do ano.
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Porém, em relação às dívidas, o cenário permaneceu o mesmo, com 42% dos respondentes com algumas dívidas e 14% deles com muitas dívidas. Além disso:
– mais da metade (57%) das pessoas com dívidas não têm previsão de quando irão regularizá-las;
– 47% diz que isso prejudica no planejamento de planos para o futuro;
– 36% afirma que isso afeta a autoestima;
– 17% diz que isso as deixa sem esperanças.
Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que 40,05% dos brasileiros adultos estavam negativados em outubro de 2022, o equivalente a 64,87 milhões de pessoas. O número é um recorde desde que o levantamento começou a ser realizado, há 8 anos. “O brasileiro ainda sente no bolso os efeitos dos últimos aumentos das taxas de juros e dos preços dos alimentos. Apesar da inflação ter diminuído, no dia a dia isso ainda não é sentido nos produtos de consumo básico, que seguem aumentando. Esse cenário impacta diretamente no orçamento familiar”, diz o presidente da CNDL, José César da Costa.
Outro levantamento da CNDL e do SPC, em convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que o desemprego vem afetando o estado físico e emocional dos brasileiros. Em comparação com 2020, em 2022 emoções como ansiedade e angústia aumentaram 23 e 27 pontos percentuais.
Angústia, aliás, foi a emoção citada por 18% dos respondentes da pesquisa da MindMiners. O sentimento substituiu o tédio, apontado por 20% deles no começo de 2022. O restante dos sentimentos permanecem semelhantes e os dados mostram que, apesar de ansiosos, os brasileiros também estão esperançosos.
Como as expectativas para 2023 refletem nos hábitos de consumo?
E se a esperança ainda existe, as expectativas para 2023 já foram criadas, mesmo que muita gente não tenha estabelecido metas. O estudo “Principais Tendências de Consumo 2023”, do Sebrae, cita também a esperança como alavanca para o consumidor querer retomar um comportamento mais social. Mais cautelosos em relação ao dinheiro e mais cuidadosos com a saúde, os consumidores estão adaptando seus hábitos de consumo. Assim, algumas tendências listadas para o ano que vem pelo Sebrae são:
– Consumo Intencional: mais pesquisa e menos compras por impulso. O consumidor busca produtos e serviços que combinem com seus valores e propósitos;
– Consumo com Consciência Ambiental: reutilização e upcycling seguem em 2023, com produtos sendo trocados, doados, reaproveitados etc.;
– Consumo de Infoprodutos: materiais criados e distribuídos digitalmente continuarão no radar dos consumidores que buscam cursos online e vídeos sobre idiomas, dicas de viagem, gastronomia, música, entre outros assuntos.
Para conquistar os consumidores mais econômicos e conscientes, algumas das recomendações do Sebrae são oferecer diferentes formas de compra e de acesso ao crédito; produtos que melhorem o dia a dia; experiências que envolvam os sentidos; e praticar e incorporar os princípios ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) nas ações.
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