O crescimento do mercado Pet no Brasil vem registrando índices surpreendentes, principalmente desde a pandemia. Em 2021, a área teve um aumento de 50% em relação aos dois anos anteriores, para atender os 149,6 milhões de animais de estimação do país, segundo censo do IPB (Instituto Pet Brasil). Esses números colocam o Brasil como terceiro país em quantidade de animais domésticos, o que significa que cerca de 70% da população tem um pet ou conhece alguém que tenha.
Um estudo do Insigths Partner aponta que o segmento de alimentos naturais para Pets deverá chegar a US$ 15,6 milhões até 2028. O aumento de tutores que buscam uma alimentação mais natural, que se declaram vegetarianas ou veganos, como também dos cãezinhos alérgicos ou intolerantes à proteína animal e glúten, justificam o crescimento do segmento.
O nicho da alimentação natural para Pets
Segundo Juliana Marino, fundadora da PetVegan, empresa pioneira no setor de petiscos naturais para pets, a expansão deste mercado se dá principalmente pela preocupação dos tutores com a saúde de seus animais. Esses tutores evitam que seu pet consuma produtos artificiais e que contenham propriedades que possam causar alergias, problemas digestivos, dermatológicos ou outras condições que comprometam a saúde. “Assim como as pessoas têm buscado uma alimentação mais saudável para si, é comum observar a mesma preocupação em relação a alimentação dos pets”, diz Juliana.
Hoje, as principais redes de petshops do país já contam com gôndolas ou espaços dedicados exclusivamente aos petiscos e rações naturais. Empórios, que já se dedicavam ao comércio de produtos naturais para humanos, começam a enxergar o nicho da alimentação natural para pets e têm destacado espaços específicos para a exposição e vendas desses itens. Segundo Juliana, os preços não diferem dos produtos premium, o que oferece ao consumidor a oportunidade de escolha baseada na qualidade alimentar.
Além dos alimentares, o mercado de produtos naturais tem oferecido também outros itens. A PetVegan, por exemplo, conta com uma coleira para cães e gatos, em diversos tamanhos, que funciona como um repelente natural, a base de Erva de Santa Maria & Neem. Apresentando eficácia contra pulga, carrapatos e outros insetos, o produto é totalmente atóxico e livre de venenos.
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O potencial da biotecnologia para Pets
O mercado biotech também se apresenta como mais um nicho de crescimento para impulsionar ainda mais o setor Pet. Hoje, há uma demanda crescente para a chegada de novos produtos e serviços que atendam os desejos dos tutores em garantir a saúde e o bem-estar do aninalzinho.
No entanto, grandes biotechs de saúde animal estão mais focadas em inovar e desenvolver produtos para animais de produção, enquanto os Pets ficam com os modelos tradicionais de tratamentos. Dessa maneira, existe uma enorme possibilidade para startups focadas na detecção e tratamento de doenças mais complexas para pets se desenvolverem no mercado.
Para o biólogo Alan Branco, diretor científico da Petbiomas, o mercado de biotecnologia para os pets ainda é muito incipiente. “É de suma importância que os grandes players fomentem estudos que beneficiem principalmente a qualidade de vida dos melhores amigos do homem, bem como o desenvolvimento de negócios promissores e inovadores”, comenta.
Alaíde Barbosa, CEO da Capri Venture, companhia que tem o propósito de transformar o ecossistema pet, o caminho para as pet techs é “estabelecer presença digital”. “É preciso também contar com um MVP (produto mínimo viável) validado, apostar em diferenciais e trazer algo novo para o mercado, sempre em busca da melhor qualidade”, completa Alaíde.
Para Alaíde, esse é o momento ideal para startups e outras empresas “pegarem carona” nesse crescimento, e tornarem-se pioneiras no mercado. “Quem, por exemplo, consolidar a oferta competitiva de análises de curvas de crescimento de filhotes, avaliações de controle de PH urinário em gatos e digestibilidade dos alimentos, pode se consagrar precursor”, exemplifica Alaíde.
Para a executiva da Capri Venture, 2022 foi o ano em que muitas empresas emergentes conseguiram validar soluções que têm auxiliado o crescimento do mercado pet, integrando o segmento cada vez mais às novas tecnologias.
Para 2023, ela diz que é possível prever mais tendências para o setor. “Serão mudanças graduais e não da noite para o dia. De qualquer forma, evidenciarão um “chão” mais firme para pisar”, conclui Alaíde Barbosa.
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