O mercado livre de energia elétrica permite que consumidores escolham seu fornecedor, promovendo competição e melhores preços. Você sabia que é possível economizar até 30% na sua fatura? Consumidores que optam pelo mercado livre de energia têm mais previsibilidade nos custos. Isso significa planejamento financeiro mais eficaz e menos surpresas no fim do mês. Quem não quer isso?
A flexibilidade na escolha do fornecedor possibilita que os consumidores avaliem diferentes condições e serviços, como tarifas fixas ou variáveis, dependendo de suas necessidades. Isso também abre espaço para o uso de energia renovável, uma vez que muitos fornecedores oferecem opções sustentáveis, contribuindo para um futuro mais verde.
Ademais, ao migrar para o mercado livre, o consumidor se torna um ativo participante no processo de compra de energia, permitindo que questione práticas, negocie preços e busque contratos que melhor atendam ao seu perfil de consumo. Essa autonomia é um dos principais benefícios oferecidos por esse modelo.
Crescimento do mercado
Esses e outros fatores fizeram com que o mercado livre de energia elétrica atingisse a marca de 50 mil consumidores. Ao final de julho, totalizava 51.389 unidades consumidoras, representando um crescimento de 25% durante o ano de 2024. Em dezembro de 2023, esse modelo tinha 38.531 consumidores. Os dados são da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel).
De acordo com a entidade, somente neste ano, o ambiente de contratação livre registrou um crescimento de 12.858 unidades consumidoras. Ao analisar os últimos 12 meses, o mercado livre de energia agregou 16.417 clientes, representando um aumento de 46%. Outro dado interessante é que a maior parte dos consumidores desse segmento está localizada no Estado de São Paulo, com um total de 16.582 unidades. Em seguida, estão o Rio Grande do Sul (4.918), o Rio de Janeiro (4.404), Minas Gerais (4.065) e o Paraná (4.065).
Portaria nº 50/2022
Para a Abraceel, atingir a marca de 50 mil unidades consumidoras livres em um curto espaço de tempo após a Portaria nº 50/2022, do Ministério de Minas e Energia, que permitiu a todos os consumidores de energia em alta tensão escolherem seu próprio fornecedor desde janeiro deste ano, demonstra que os consumidores desejam ser protagonistas e optar por produtos e serviços de maneira competitiva.
Vale destacar que a Portaria nº 50/2022 concedeu o direito de escolha do fornecedor de energia elétrica a todos os consumidores do Grupo A, a partir de janeiro de 2024. Esse grupo é composto por aqueles que são atendidos em média e alta tensão.
Até dezembro de 2023, a compra de energia de qualquer fornecedor era uma alternativa exclusiva para grandes indústrias. Era preciso, portanto, que esses estabelecimentos consumissem mais de 500 kW. Essa possibilidade existia para esse grupo desde 1996. Desde 1º de janeiro deste ano, o mercado foi aberto, permitindo que outros consumidores do grupo A, ou seja, aqueles conectados à alta tensão, participem. O mercado livre de energia favorece pequenas e médias empresas que consomem muita energia, mas que não alcançam o limite de 500 kW, geralmente atingido apenas por indústrias.
Migração e economia
Quem realiza a migração pode obter uma economia de até 35% na negociação de contratos de compra. A abertura do mercado proporciona liberdade de escolha aos consumidores e pode aumentar a competitividade das empresas ao permitir o acesso a outros fornecedores além da distribuidora.
A Abraceel defende que todos os 90 milhões de consumidores de energia, incluindo os residenciais, devam ter o direito de escolha em 2026.
Carga tributária
Que a alta carga tributária no Brasil é um verdadeiro fardo para todos não é novidade. E, para a indústria, esse peso também é grande. Para se ter uma ideia, seis em cada dez empresas afirmam que esse fator é o principal responsável pelo custo elevado da energia elétrica. Essa conclusão é resultado de uma pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que entrevistou 1.002 executivos de indústrias de diferentes tamanhos.
Isso significa que, quando os custos com energia aumentam, as empresas precisam repassar esses valores aos consumidores. Em outras palavras, até mesmo os produtos básicos podem ficar mais caros.
Ademais, essa situação afeta a competitividade das indústrias brasileiras no mercado global. Afinal, quando o custo da energia é alto, fica difícil competir com outros países que têm uma carga tributária mais favorecida.
O que mais influencia a conta de luz alta?
Quando questionados sobre os dois fatores que mais influenciam a conta de luz, 78% dos entrevistados mencionaram a alta carga tributária (sendo 60% como o principal fator e 18% como o segundo). Outros aspectos importantes que também foram citados incluem os períodos de seca (29%), o custo de transmissão de energia (27%), os subsídios na conta de luz (17%) e o custo da geração de energia (16%).
Um tema frequentemente destacado como um fator que distorce a conta de luz no Brasil, os excessos de subsídios no setor elétrico impactam, de acordo com 55% dos executivos entrevistados, negativamente a competitividade da indústria nacional. Além disso, 47% acreditam que esses benefícios, concedidos a determinados setores econômicos, são responsáveis pelo elevado custo da energia elétrica no país. Atualmente, os impostos e encargos correspondem a 44,1% do total da conta de luz, conforme aponta a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A pesquisa inédita da CNI também revela que 53% das empresas observaram um aumento na conta de luz nos últimos 12 meses. Para 43%, o impacto do custo da energia elétrica sobre a indústria é considerado alto ou muito alto. O presidente da CNI, Ricardo Alban, frisa que “embora o custo de produção de energia no Brasil seja baixo, a tarifa de eletricidade é uma das mais elevadas do mundo. A redução do preço da energia é uma prioridade para a indústria brasileira. Nesse contexto, a diminuição dos encargos é essencial não apenas para melhorar a competitividade do setor industrial, mas também para assegurar a sustentabilidade econômica do setor elétrico nacional”.
Energia elétrica: a mais usada
A pesquisa indica que 80% das indústrias utilizam a energia elétrica como a principal fonte de energia para seus processos produtivos. Em seguida, aparecem a energia solar (10%), o gás natural (2%), o óleo diesel (2%) e a lenha (1%). Além disso, os números mostram que 96% das indústrias recorrem à energia elétrica em sua produção; 20% utilizam energia solar; 14% usam gás natural; 14% utilizam óleo diesel; 8% recorrem à lenha; e 4% utilizam óleo combustível.
As interrupções no fornecimento de energia continuam sendo uma reclamação recorrente entre as indústrias: 70% relataram pelo menos uma queda de luz nos últimos 12 meses; 51% enfrentaram mais de 5 falhas no fornecimento ao longo de um ano; e 21% registraram problemas mais de 10 vezes nesse período. Quando questionados sobre a qualidade do fornecimento de energia, 11% a classificaram como excelente; 43% como boa; 28% como regular; 9% como ruim; e 9% como péssima.
Sem energia
A pesquisa da CNI também aponta quantas vezes as indústrias do país ficaram sem energia elétrica no período de um ano:
- 21% das indústrias ficaram sem energia mais de 10 vezes;
- 6% entre 9 e 10 vezes;
- 7% entre 7 e 8 vezes;
- 17% entre 5 e 6 vezes;
- 34% entre 2 e 4 vezes;
- 9% apenas 1 vez.
“O principal impacto da queda de energia para a indústria é a interrupção da produção. Dependendo do tipo de empresa e da linha de produção, ocorrem perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. Esses prejuízos são significativos e resultam em custos elevados para as indústrias”, ressalta o gerente de energia da CNI, Roberto Wagner Pereira.
26% operam no mercado livre de energia
Segundo pesquisa da CNI, 26% das indústrias operam no mercado livre de energia, sendo que 10% atuam exclusivamente nesse modelo, onde o consumidor negocia preços diretamente com as empresas geradoras ou comercializadoras de energia. A economia média para indústrias que compram energia nesse mercado é de até 29%, conforme afirmam os executivos. Os dados mostram que 56% das indústrias ainda adquirem energia apenas no mercado cativo, onde as distribuidoras revendem a energia adquirida para consumidores em sua área de atuação.
Sobre a intenção de migrar para o mercado livre, 33% das indústrias manifestam interesse em adotar esse modelo, 21% indicam que talvez migrem, e 42% afirmam que não pretendem realizar essa mudança. Esse índice sobe para 48% quando consideramos apenas médias e grandes indústrias.
*Foto de Matthew Henry na Unsplash.