O Mercado Livre dá sinais de que pretende ampliar sua participação no mercado de crédito. Ontem, o marketplace anunciou a captação de R$ 245 milhões por meio de uma operação com FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). O montante tem origem em aporte realizado pelo BID Invest, braço privado do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e pela Captalys, gestora e provedora de serviços de crédito privado.
Segundo executivos da empresa, o valor será destinado à oferta de crédito para micro, pequenos e médios negócios hospedados no marketplace. As operações serão realizadas por meio do Mercado Crédito, unidade criada para atuar no setor financeiro. De acordo com o Mercado Livre, o objetivo é suprir a demanda desses varejistas, cujo acesso às linhas de crédito nos grandes bancos de varejo ainda é limitado. A dificuldade para obtenção de financiamentos tem sido uma das principais barreiras para projetos de expansão ou mesmo de modernização desses negócios.
Dados disponíveis no boletim do Ceper/Fundace mostram que o represamento de recursos é uma realidade no dia a dia dos micro, pequenos e médios negócios. No acumulado de 2018, o volume de dinheiro liberado apresentou uma retração de 25% na comparação com 2017. Em contrapartida, o fluxo de capital para os grandes grupos registrou alta de 1%. O risco de inadimplência não pode ser apresentado como justifica para esse quadro. Entre julho de 2017 e março 2018, o percentual de empresas com débitos em atraso apontou queda de 0,74 p.p.
Atualmente, o Mercado Livre já opera como corresponde bancário da Topázio e da MoneyPlus. “Com o aporte, a oferta do Mercado Livre evolui para um outro patamar. Poderemos ampliar o alcance do crédito para essa base com uma carteira rentável, transparente e com baixa volatilidade. Isso garante o atendimento às necessidades de nossos clientes e ajudará a impulsionar seus negócios, democratizando o acesso ao crédito para micro e pequenos empreendedores”, disse Daniel Stephens, gerente sênior do Mercado Crédito no Brasil.
Na avaliação do executivo, o diferencial da empresa é o conhecimento que ela tem dos futuros tomadores de empréstimos. Isso facilitará a modelar o produto às necessidades de grupos específicos. O Mercado Crédito já concedeu mais de R$ 665 milhões para varejistas que atuam on-line no País. O modelo adotado prevê a utilização de uma pontuação própria para a pré-aprovação das captações. Os valores podem chegar a R$ 350 mil, e o parcelamento em até 12 parcelas. A modelagem dependerá da avaliação do histórico transacional do cliente.
Para os responsáveis pelo aporte, o modelo de análise de crédito adotado pelo marketplace foi decisivo para conclusão da operação. “Esse processo de gestão dos financiamentos facilita a liberação de recursos a um grande número de pequenos e médios empreendedores brasileiros que, de outra forma, não poderiam continuar a crescer”, afirma Gema Sacristán, diretora geral de negócios da BID Invest.
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