O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) inaugurou, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, o ProVa, laboratório de inovação focado em varejo. O local deve receber, ao longo dos próximos dois anos, 10 mil varejistas para debater transformação digital e mostrar novas tecnologias voltadas, em especial, para a loja física.
O ProVa surgiu da demanda do Fórum de Competitividade do Varejo, entregue ao Ministério ainda na gestão de Marcos Antônio Pereira, titular da pasta até janeiro deste ano. O projeto foi desenvolvido ao longo de oito meses.
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O atual titular do Mdic, Marcos Jorge de Lima, ressalta que a demanda por iniciativas que ligassem a indústria da inovação ao varejo foi levada à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Segundo o ministro, foi necessário mudar a agenda dos industriais para que o ProVa saísse do papel.
“Indústria, serviço e comércio estão muito ligados. Hoje, 73% do nosso PIB é comércio e serviço, conforme dados de 2017. Vemos uma curva ascendente desde 2003, quando estava em 65%. A indústria tem participação fundamental nesse crescimento”, ressaltou o ministro durante evento de lançamento do ProVa.
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O projeto contou com investimentos de R$ 4 milhões e é parte da agenda governamental para a Indústria 4.0, lançada em São Paulo durante o Fórum Econômico Mundial. A iniciativa, segundo o ministro, prevê também editais junto à ABDI e pacotes de investimentos públicos junto ao BNDES e à Finep (Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa).
Parceria contra a crise
Para Valter Pieracciani, sócio-diretor da consultoria Pieracciani, gestora do ProVa, a parceria entre indústria e varejo tem como objetivo repor o tempo perdido pelos varejistas em relação à transformação digital durante o auge da crise. “O varejo está passando por uma profunda revolução, mesmo que alguns varejistas não percebam isso. Entre 2015 e 2017, 600 lojas foram fechadas por dia no Brasil e a gente tinha que fazer alguma coisa”, afirma o consultor.
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Além das novas tecnologias, o ProVa coloca à disposição do varejista mais de 100 atividades com consultores e mentores ao longo dos dois anos. O espaço conta ainda com um coworking e uma loja conceito para teste e exposição de novas experiências.
Rotatividade
A curadoria das startups e demais empresas que vão operar no espaço ao longo dos dois anos será feita pela Pieracciani. A ideia é que haja uma rotatividade de empresas a cada quatro meses. O projeto foi dividido em três ciclos de seis meses com rodadas de 34 atividades por semestre.
O idealizador e coordenador do projeto, Eduardo Tosta, da ABDI, afirma que o ProVa tem como missão cobrir o déficit tecnológico que o varejo físico cultivou ao longo dos últimos. “A ideia é atender o problema de falta de preparo do varejo para receber o novo perfil de consumidor, que quer experiência e uma boa jornada de compra”, afirma o coordenador.
Tosta alerta que o consumidor de hoje é capaz de trafegar por vários canais e que a loja física precisa voltar a se fazer atraente para sobreviver. “O varejo precisa oferecer experiência na loja física, seja por atendimento, qualificação profissional, ferramentas de apoio ou tecnologia”, conclui Tosta.
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