Nas redes sociais, quem nunca foi influenciado por uma opinião, produto ou serviço recomendado por um influenciador? O marketing de influência se tornou uma estratégia essencial para as marcas, e o Brasil lidera mundialmente em número de influenciadores digitais no Instagram. Segundo estudo da Nielsen, existem mais de 10,5 milhões de influenciadores no país, sendo 500 mil com mais de 10 mil seguidores.

Mas o que está impulsionando esse crescimento? Um levantamento da Rakuten Advertising analisou os hábitos de consumidores na Austrália, Brasil, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, e revelou que oito em cada dez consumidores confiam nas recomendações de influenciadores. Além disso, 61% dos entrevistados realizaram uma compra com base nessas indicações nos últimos seis meses, e 64% descobrem novos produtos por meio de criadores de conteúdo regularmente.

“As marcas estão investindo cada vez mais nos influenciadores porque os consumidores os enxergam como figuras próximas, não apenas como profissionais de marketing”, explica Salomão Araújo, VP Comercial da Rakuten Advertising. “Essa autenticidade fomenta a confiança e impulsiona as vendas”.

Tendências e desafios do setor

A conveniência também é um fator importante para 74% dos consumidores, que consideram prático comprar diretamente pelos links compartilhados pelos influenciadores. No entanto, 32% demonstram preocupação com o rastreamento de dados, mesmo diante das leis de proteção de privacidade.

“Os links são parte fundamental da estratégia, principalmente pela possibilidade de rastreamento. Essa combinação oferece uma visão completa do impacto dos criadores, incluindo métricas pós-clique e de vendas. Além disso, o rastreamento de desempenho ajuda a justificar o valor dos programas, permitindo um aumento de investimento em todos os canais de marketing”, complementa Araújo.

A autenticidade é outro fator decisivo para a audiência: 84% dos consumidores afirmam deixar de seguir influenciadores quando percebem falta de transparência em suas recomendações. Outro ponto do relatório aponta que essa autenticidade tem crescido entre os microinfluenciadores, que apresentam taxas de engajamento mais altas e atraem públicos que buscam recomendações mais confiáveis. “Os microinfluenciadores frequentemente atraem públicos que estão ativamente procurando produtos, e consistentemente demonstram taxas de engajamento mais altas”, comenta. 

No Brasil, 83% dos consumidores já gastaram mais de R$ 100 em compras baseadas em recomendações de influenciadores, e os vídeos curtos são o formato favorito de 55% dos entrevistados. “O conteúdo em vídeo é essencial no mercado em rápido crescimento do Brasil. Dentro disso, o TikTok deve ser um ponto de atenção para as marcas, já que ainda não é a rede preferida da população do país, que opta por Instagram e Youtube, mas segue em ascensão”, destaca Araújo.

Parceria entre marca e influencer

A rede de pizzarias La Braciera, reconhecida entre as melhores do mundo pelo 50 Top Pizza e eleita a melhor de São Paulo em 2024, tem o marketing de influência como um dos pilares da sua estratégia. A empresa realiza parcerias com dezenas de influenciadores para apresentar a experiência da marca, desde a qualidade dos produtos até os diferenciais operacionais.

Gustavo Brunello, diretor de Marketing da La Braciera, destaca que os influenciadores ajudam a comunicar a essência da marca de forma autêntica e direta ao público. “Estratégias bem planejadas com influenciadores podem gerar aumento significativo de tráfego e visibilidade para marcas”, afirma.

A marca possui um processo rigoroso de seleção de influenciadores, levando em conta o alinhamento com a marca, o engajamento com a audiência e a qualidade do material produzido. “Essa análise é essencial para evitar desalinhamentos entre a imagem promovida pelos influenciadores e a experiência real do cliente”, explica.

Apesar do sucesso, Brunello alerta para os desafios do marketing de influência, como a necessidade de coerência entre a imagem da marca e a experiência real dos consumidores. “Uma escolha inadequada de influenciadores ou falta de alinhamento estratégico pode gerar frustrações e prejudicar a reputação de um negócio, por isso, é preciso que haja planejamento”, reforça.

O vazamento da “planilha secreta”

Na última semana, o marketing de influência esteve no centro de uma polêmica. O vazamento de uma planilha contendo avaliações sobre o trabalho, comportamento e entregas de influenciadores gerou grande repercussão nas redes sociais. O documento, que teria sido elaborado por profissionais de agências de publicidade e anunciantes, contava com cerca de 400 avaliações antes de ser fechado.

Os comentários na planilha são anônimos e envolvem nomes como Sabrina Sato, Jade Picon, Carla Diaz, Yasmin Brunet, Grazi Massafera e outros. No entanto, não é possível checar a veracidade das informações.

Nas redes sociais, alguns influenciadores chegaram a se manifestar sobre os comentários feitos a respeito do trabalho deles, mas a grande parte preferiu ignorar os comentários.