Já faz um tempo que a humanidade sonha com a existência de máquinas inteligentes. Nossa produção ficcional não deixa dúvidas: o filme Exterminador do Futuro, por exemplo, foi lançado em 1984. Os termos Inteligência Artificial e Machine Learning foram cunhados, respectivamente, em 1956 e 1959. Faz 60 anos – e estamos cada vez mais próximos do momento em que o aprendizado “independente” das máquinas pode existir na sociedade como a própria energia elétrica. Ela simplesmente faz parte do nosso dia a dia, mas ninguém percebe.
Confira a edição online da revista Consumidor Moderno!
Essa é a visão de Michel Sciama, head de performance products do Google. No último dia 23, a empresa realizou o Google Performance Bootcamp, um evento voltado para o aprendizado extensivo sobre as suas plataformas – e a possibilidade que elas trazem para os negócios. Uma ideia ficou bastante clara, o Google respira Machine Learning.
Cada vez mais, o conceito é aplicado em suas ferramentas. “Essa pode ser a próxima revolução industrial”, destacou o executivo. De fato, a partir do momento que os computadores passam a aprender sozinhos, sem comandos, as possibilidades de inteligência digital crescem em níveis inesperados.
Cotidiano
Nas plataformas desenvolvidas pela gigante norte-americana, não faltam exemplos de aplicação do conceito. O reconhecimento de voz é todo baseado em Machine Learning. “A ferramenta precisa entender o que está sendo dito, o sotaque, um possível vício de linguagem, organizar as palavras e encontrar o que o usuário está buscando”, explicou.
No Google Fotos, também vemos a tecnologia. O app é capaz de organizar fotos em temas sem que o usuário faça essa organização. Por exemplo: diversas fotos de uma mesma criança (até mesmo em diferentes idades). Isso porque a ferramenta é capaz de reconhecer imagens e características em comum nas imagens. Puro aprendizado de máquina. O Google Lens, aplicação anunciada recentemente, também tem a capacidade de reconhecer imagens e trazer mais informações sobre ela: por exemplo, datas sobre shows de um determinado artista ou até mesmo informações sobre uma loja.
A empresa constantemente coloca esse potencial à prova. Quando percebeu que precisava avançar com o Google Translate, a organização reuniu a área responsável pela ferramenta com o Google Brain, braço voltado especificamente para IA e Machine Learning. “Conseguimos avanços em alguns meses que não dávamos em 10 anos de Google Translate”, contou Sciama. O aplicativo capaz de traduzir textos de qualquer imagem nasceu a partir dessa experiência.
Sem limites
Se a aplicação parece um tanto quanto cotidiana demais, Sciama trouxe um exemplo de como a tecnologia pode revolucionar setores cruciais da sociedade, como a medicina. O edema macular diabético, um problema que aflige milhares de pessoas em todo o mundo e pode causar borrões na vista ou até mesmo levar à cegueira, é um grande desafio contemporâneo. Ele pode ser evitado quando o diagnóstico não demora – e esse é o desafio em muitos países.
Inspirado por esse quadro, o Google se uniu a uma associação médica dos Estados Unidos para criar uma nova ferramenta. Mais de 130 mil imagens do exame de fundo de olho com o diagnóstico de cegueira foram passadas para o computador aprender a identificar esse problema, que se tornará um aplicativo para facilitar o processo.