A compra da rede americana de artigos de escritório Office Depot pela arquirrival Staples, por US$ 6,3 bilhões, faz com que passa a existir apenas uma grande varejista especializada no setor nos Estados Unidos. A criação de uma empresa de US$ 39 bilhões poderia ser prontamente rechaçada pelas autoridades antitruste do país, se esse não fosse um segmento grandemente impactado pelo varejo on-line. Ao comprar a Office Depot, a Staples reconheceu que sua luta é, na verdade, pela sobrevivência em um mundo de gigantes.
Embora enfrente a concorrência, no varejo físico, de grandes operadores de descontos, como o Walmart, a grande preocupação é com o varejo on-line. O instituto americano eMarketer projeta que as vendas de materiais de escritório pela internet deverão avançar 12,4% em 2015, gradualmente desacelerando para 9,9% em 2018. Ainda assim, representa um número mais de três vezes superior ao ritmo atual de expansão do varejo americano, e distribuído de forma desigual no mercado. A própria Staples viu 40% de suas vendas migrarem para a internet, o que significa que cerca de US$ 15,5 bilhões de seu faturamento consolidado vem do on-line. Um percentual que deverá somente crescer.
De acordo com o CEO da Staples, Ron Sargent, a empresa vende hoje mais de 1,5 milhão de SKUs pela internet, como resultado de um forte processo de reposicionamento da companhia para os novos tempos (no fim de 2012 eram apenas 30 mil produtos disponíveis on-line). Em linha com projeções da Forrester Research para quem em 2017 cerca de 60% das vendas do varejo americano como um todo serão feitas on-line ou influenciadas por computadores, tablets e celulares, a Staples abraçou o mundo digital como uma forma de alcançar mais consumidores e oferecer conveniência em um segmento que é basicamente formado por commodities. E no qual a concorrência é ainda mais acirrada.
Entendendo que sua competição será, cada vez mais, com a Amazon, a Staples abriu em dezembro seu próprio marketplace, o Staples Exchange, que abre a pequenos varejistas e fornecedores a oportunidade de usar a infraestrutura da Staples para vender diretamente aos consumidores. Dessa forma, a Staples complementa a oferta de seus sites B2B Quill.com e StaplesAdvantage.com, voltados a pequenos e grandes negócios, respectivamente.
O modelo adotado no Staples Exchange ainda não é de um puro marketplace, uma vez que a varejista faz uma curadoria dos produtos e a Staples é quem realiza a venda propriamente dita. Mas, segundo Faisal Masud, vice presidente executivo global de e-commerce da varejista, o desenvolvimento de um marketplace mais amplo, nos moldes da Amazon, está nos planos.
Com a expectativa de economizar US$ 1 bilhão em sinergias na aquisição da Office Depot, por meio de melhorias em processos, compras conjuntas e fechamento de lojas, a Staples pretende gerar recursos para investir ainda mais no on-line, inclusive expandindo as operações para outras categorias de produtos, como jardinagem e produtos para restaurantes. A empresa sabe que seu futuro não está mais nos materiais de escritório. A questão é se a Staples será capaz de deixar de ser a líder de sua categoria no mundo físico e conseguirá se tornar outra grande ?loja de tudo? no varejo on-line.
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