Uma vez por semana, a Big Data Corp captura 50 milhões de sites diferentes para acompanhar seu comportamento. Assim a empresa começou a construir uma métrica tempo médio de duração dos e-commerces. O site adquire o status de ?morto? se parar de ser atualizado ou receber qualquer tipo de interação por mais de um mês.
O que a empresa descobriu é que a média de vida de um e-commerce é de apenas três meses. De janeiro a agosto, 50% dos e-commerces monitorados deixaram de existir. Mesmo assim, a base aumentou, ou seja, foi criada uma quantidade maior de sites do que o número de páginas que foram desativadas. Mensalmente, 15% a 20% dos e-commerces deixam de existir.
A característica que se aplica para a maioria das lojas que morrem é de serem empresas pequenas, que utilizam plataformas gratuitas e que oferecem mix restrito de produtos. Alguns segmentos que requerem investimentos mais vultosos, como o de venda de eletrodomésticos, não estão presentes nesta lista de e-commerces que morrem novos.
Para o CEO da Big Data, Thoran Rodrigues, o problema é que muitas empresas começam no mundo online sem um plano definido para e-commerce. ?O empreendedor entra porque ouviu falar que é um negócio bom e de graça. Mas ele deve pensar que, embora não tenha custo financeiro, existe uma demanda de tempo que é jogada fora?, diz.
Baixa audiência
A Big Data Corp monitora 35 milhões de endereços eletrônicos, dos quais 7,5 milhões são sites brasileiros, os quais 378.920 (5%) são e-commerces. Outro número alarmante é que destes 300 mil, 88% recebem menos de mil visitas por mês.
Rodrigues entende que essa explosão de e-commerces gratuitos cria uma situação onde o profissionalismo deixou de ser um diferenciador e passou a ser obrigatoriedade. Mais que isso, neste mar de lojas gratuitas, passa a ser relevante não só ser profissional como também transmitir que se é profissional.
?Todo mundo fala que é fácil, que está muito bem, que cresce rapidamente, mas quase ninguém aponta os problemas do e-commerce?, diz.
Para o empresário que quiser fugir da estatística cruel, Rodrigues aconselha a ‘tentar descobrir o foco de valor’, se profissionalizar e engajar o consumidor pelas mídias sociais. ?Não tem muito segredo. O esquema é trabalhar bastante e entender o que o cliente deseja para conseguir personalizar a navegação”, comenta.
Testando o consumidor
Este número é alto também porque algumas empresas colocam um hot site no ar para testar a audiência. “Por exemplo, se o varejista tem um e-commerce de roupas, mas não vende peças infantis. Aí ele resolve começar a vender. Em vez de disponibilizar na home da página principal, ele cria um novo site só para as roupas de criança. É uma estratégia de marketing”, explica Rodrigues.
Outra prática também é recorrente, de usar o segundo site da marca para posicioná-la para um público específico, que seria, por exemplo, o varejista que vende para o público de classe A querendo atingir também as faixas de menor poder aquisitivo pode criar um site temporário apenas para esse fim.
?Existe hoje muitas plataformas para montar loja eletrônica totalmente gratuitas, vc não paga absolutamente nada. Esse tipo de serviço diminui a barreira de entrada. Um ponto interessante a se pensar é que, embora seja de graça, é tempo de negócios que o empresário joga fora?, acredita.
Case de sucesso
O fundador do Men?s Market ? primeira loja online focada em produtos masculinos, Lucas Amoroso, destaca a agilidade na entrega como pré-requisito para um e-commerce dar certo. ?Para a gente a velocidade de entrega é fundamental, muito mais importante até do que eu imaginava antes de abrir a loja. Voltamos nosso time de operações para garantir esse ponto?, conta. A loja oferece um serviço de entrega expresso dos seus produtos utilizando o Sedex.
Outro fator relevante, segundo o empresário é manter contato instantâneo pelas mídias sociais e ser pró-ativo nas informações ao cliente. ?Por exemplo, se uma carga eventualmente é roubada, antes do cliente sentir falta do produto, já avisamos o que aconteceu?, complementa.
Para Amoroso, cada empresa tem que testar o que funciona para ela. ?Mas se dá certo em um e-commerce não é garantia que ele seja eficaz para todos. Por exemplo, para a gente, funciona colocar o preço parcelado?, exemplifica.
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