Apesar de não ser um país dado às artes plásticas, o Brasil experimentou um boom de idas a exposições artísticas nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, a exposição campeã foi “O triunfo da cor”, vista por quase 800 mil pessoas e que trazia obras de Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne e Matisse.
No mesmo ano, “Castelo Rá-Tim-Bum: A exposição”, no Museu da Imagem e do Som (MIS) também foi um sucesso de público. Em 2014, o Instituto Tomie Ohtake ficou repleto de visitantes para acompanhar a obra da artista contemporânea japonesa Yayoi Kusama, até então desconhecida do público brasileiro amplo.
O que todas essas exposições tinham em comum que levaram tantas pessoas a um lugar geralmente pouco frequentado pelos brasileiros? O apelo da imagem e o engajamento que elas geram. Essa característica reuniu Van Gogh, Cézanne, Kusama e o Doutor Victor no mesmo lugar, as redes sociais.
O estudo “O futuro das Experiências”, divulgado pelo portal Trend Watching, discute como fotos, vídeos, stories e outros conteúdos com forte apelo imagético geram não só mais interação como mais informações que serão lidas pelas máquinas e transformadas em insights para novas experiências a serem entregues ao consumidor.
Segundo o estudo, a Economia da Experiência em 2019 pode parecer algo que a digitalização inventou, mas “está baseada fundamentalmente em verdades eternas da natureza humana”. As necessidades humanas são relacionadas a pertencimento dentro de uma comunidade, mas ao mesmo tempo de autenticidade e personalização (que torna a unidade diferente do todo). Isso tudo conectado pela atividade lúdica.
A questão é: como criar experiências que explorem essas características humanas primitivas que continuam a impulsionar o nosso comportamento na era digital?
Automação e experiência. Sim, é possível!
A discussão sobre a implementação de robôs no trato com o consumidor geralmente leva em conta se as pessoas estão procurando mais eficiência ou experiência. Segundo os autores do estudo, o espetáculo de automação é a tendência que representa “o crepúsculo dessa divisão entre experiências automatizadas e mágicas. Porque o espetáculo de automação é sobre experiências pessoais alimentadas por automação que também são imersivas, atraentes e mágicas por si mesmas”.
O espetáculo de automação significa, portanto, experiências que combinam velocidade, precisão ou eficiência com diversão e prazer, como as exposições celebradas nos corredores dos museus brasileiros nos últimos anos, com experiência veloz e divertida, distante das experiências tradicionais, que pediam paciência e reflexão.
No mundo do varejo, algo nesse sentido pode ser visto nas lojas da Amazon Go e do Tao Café, rede de cafeterias do Grupo Alibaba, onde a tecnologia a automação não são só processos mais eficientes, mas um show a parte a ser observado pelo consumidor.
Amazon Go, em Seattle, nos EUA. Crédito: Reprodução/Facebook
Segundo os autores, “os consumidores já estão tendo um vislumbre de como a automação e a magia podem ser combinadas”. A magia da aplicação das máquinas na experiência de compra é um poderoso aliado na tarefa de afastar dos seres humanos a ideia de que os robôs podem significar o prenúncio de tempos sombrios, com redução de empregos e renda.
Outro exemplo de loja automatizada capaz de gerar engajamento e experiência mágica é a House of Innovation 000, da Nike, em Nova York. O local, de seis andares, está localizada na Quinta Avenida e inclui um andar dedicado à comunidade de consumidores local, onde, os estoques e as prateleiras são abastecidos usando análise de dados das compras on-line, que permitem à Nike saber quais produtos deve disponibilizar para os consumidores. Em comunicado, a Nike afirma que a House of Innovation 000 deve ser capaz de “se comunicar com sua cidade por meio de pessoas e serviços digitais, convidando a uma conversa sincronizada com o cliente”.
Outros recursos da loja incluem armários na loja, onde os membros do NikePlus podem reservar itens via telefone e armazená-los, prontos para serem buscados sempre que for conveniente para o cliente.
A loja da Nike parece aperfeiçoar a proposta na qual a Amazon foi pioneira, de loja personalizada e automatizada. Apesar de ninguém bater a Amazon em automação, a questão da experiência é vista como ponto forte da Nike.
Com uma base de dados invejável sobre o comportamento de consumo, a fabricante de roupas e calçados devolve o sentido de consumo em comunidade em tempos de globalização ao dar o toque de personalização e autenticidade que os consumidores precisam. É, mais do que nunca, tempos de pertencer à multidão sem se perder dentro dela.
Confira a megastore da Nike na Quinta Avenida: