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Lixo eletrônico: por que se preocupar e qual caminho seguir

Lixo eletrônico: por que se preocupar e qual caminho seguir

Além do impacto negativo ao meio ambiente, o descarte inadequado evidencia o consumo efêmero de dispositivos tecnológicos

Quem não tem, ao menos, um celular, notebook, geladeira ou televisão em casa? Os dispositivos tecnológicos já fazem parte do cotidiano brasileiro e, a cada lançamento, um aparelho se torna o queridinho da vez. Entretanto, por trás de toda essa inovação e necessidade de se manter atualizado, existe um grande problema: a produção precoce de lixo eletrônico.

Somente em 2019, o mundo produziu 53,6 milhões de toneladas, segundo relatório da Internacional Solid Waste Association (ISWA). As estimativas não são nada animadoras, tanto que se projeta que até 2030 esse número pode chegar até 74 milhões de toneladas.

Vale ressaltar que em 2017, o Brasil era o país da América Latina que mais produzia lixo eletrônico (1,5 milhão de tonelada/ano) para o The Global E-Waste Monitor. No ranking geral, ficou atrás somente de China, Estados Unidos, Japão, Índia, Alemanha e Reino Unido.

Além disso, de acordo com relatório apresentado pela Universidade das Nações Unidas no ano passado, grande parte do e-lixo proveniente da Europa é enviado para países em desenvolvimento na África, o que torna a situação ainda mais preocupante.

O lixo eletrônico e seus males

Lixo eletrônico são todos os produtos elétricos ou eletrônicos que são descartados por não terem mais utilidade, ou seja, que poderiam ser reciclados. Ele pode ser classificado em quatro categorias, como:

  • Grandes equipamentos: geladeiras, freezers, máquinas de lavar, fogões, ar condicionados, micro-ondas e grandes TVs;
  • Pequenos equipamentos e eletroportáteis: torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores, mixers, secadores de cabelo, ferramentas elétricas, calculadoras, câmeras digitais e rádios;
  • Equipamentos de informática e telefonia: computadores, tablets, notebooks, celulares, impressoras e monitores;
  • Pilhas e bateria portáteis: pilhas modelos AA, AAA, recarregáveis e baterias portáteis de 9 V.

Contudo, os eletrônicos quando descartados em lixões ou em locais inapropriados podem liberar substâncias tóxicas na água, no solo e no ar. “Pode contaminar os lençóis freáticos e diminuir a vida útil dos aterros sanitários”, explica Gustavo Acra, analista de sustentabilidade da Green Eletron, gestora de logística reversa de eletrônicos.

Iniciativas sustentáveis no mundo corporativo

O universo dos negócios já percebeu que esta é uma tendência em ascensão e que merece ser tratada com cautela. Por isso, atualmente existem empresas voltadas especificamente ao ramo e que podem atuar como norteadoras no processo de reciclagem e destinação correta de materiais e produtos.

“Trabalhamos por um mundo com menos geração de resíduos e de extração de matéria-prima da natureza. Para isso, disponibilizamos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em lojas do varejo, shopping centers, instituições empresariais e de ensino”, diz Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron.

“Contamos com a participação dos consumidores para descartar seus produtos e darmos um destino ambientalmente adequado aos mesmos”, comenta o profissional.

A Green Eletron é uma entidade sem fins lucrativos, fundada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que trabalha com um sistema coletivo para a logística reversa de eletroeletrônicos de uso doméstico e pilhas. Suas empresas associadas financiam toda operação e são responsáveis por gerenciar coleta, transporte, desmontagem e reciclagem dos produtos descartados.

Desde o início das operações, em 2017, foram instalados mais de 600 PEVs e 6 mil coletores de pilhas por todo o Brasil. Com o programa de eletroeletrônicos, a gestora está presente em 13 estados e já arrecadou mais de 530 toneladas. Já com o Green Recicla Pilha, existente desde 2010, mais de 1.763 toneladas tiveram sua destinação correta.

Já a Indústria Fox é pioneira em indústrias de reciclagem e refurbished de eletrônicos, e nasceu para operar a primeira fábrica de produção reversa de refrigeradores na América do Sul. A empresa é referência em reciclagem de plástico com uma área, totalmente idealizada internamente, voltada para esse processo utilizando o mínimo de água possível.

Durante a reciclagem de um equipamento de refrigeração, a organização desenvolveu uma etapa inovadora a nível mundial, na qual os gases captados in-loco são destruídos, diminuindo a emissão que causa o efeito estufa. “Pensar em tudo isso se tornou algo impulsionador e estratégico para uma próxima revolução industrial”, declara Marcelo Souza, CEO da companhia.

A lei a favor do meio ambiente

Com o descarte excessivo de dispositivos tecnológicos e o crescente prejuízo ao meio ambiente, em outubro de 2019 foi assinado o Acordo Setorial para a Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos.

O documento é um complemento à Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 12.305/2010) e define metas para fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes na questão de quantidade de PEVs instalados, número de cidades abrangidas e percentual de aparelhos a serem coletados e destinados corretamente.

O Acordo foi reforçado pelo Decreto Federal nº 10.240, assinado em fevereiro de 2020, e prevê que as empresas, de forma individual ou coletiva devem, gradualmente (de 2021 até 2025), instalar mais de 5.000 PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar 17%, em peso, dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base. Para os anos posteriores, novas metas de abrangência, coleta e reciclagem deverão ser definidas.

Alternativas para um meio ambiente mais verde

A sigla ESG, que significa “environmental, social and corporate governance”, vai muito além da teoria: requer que esses pontos sejam aplicados na prática para que as organizações estabeleçam efetivamente seu papel institucional.

O lixo eletrônico perpassa essas três esferas e torna-se uma problemática relevante e de impacto em termos de projeção de iniciativas para sanar essa questão.

Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox, e Gustavo Acra, analista de sustentabilidade da Green Eletron, pontuam dois caminhos a serem seguidos para reprimir o descarte desenfreado dos dispositivos tecnológicos:

Economia circular

Ao invés de extrair recursos sem parar, fabricar incontáveis produtos e gerar toneladas de lixo, a economia circular propõe a transformação de resíduos em novas matérias-primas para criar um ciclo sustentável e, consequentemente, para preservar o meio ambiente. Com isso, tudo pode ser reaproveitado, diferente do que acontece na economia linear.

“É possível levar os volumes de resíduos próximos a zero, manter o capital natural e coletar menos recursos ‘virgens’ para que a economia prospere. Criar comitês de negócios circulares é um excelente primeiro passo”, coloca Souza.

Logística reversa

As empresas têm uma obrigação legal, segundo a PNRS, de promover a logística reversa dos produtos que colocam no mercado. Com os eletroeletrônicos não é diferente.

“Os negócios devem oferecer pontos de coleta acessíveis aos seus consumidores. O varejo, por sua vez, deve entrar nos sistemas como parceiros para a disponibilização mais ampla dos coletores, com a instalação de PEVs em suas lojas”, salienta Gustavo Acra.

O debate sobre consumo consciente

É notório que a produção precoce de lixo eletrônico é uma questão social que deve ser debatida por todos, principalmente por aqueles que geram esses produtos.

Além disso, do ponto de vista do comprador, algumas reflexões surgem: eu realmente preciso deste aparelho? Estou utilizando de forma adequada e aproveitando o máximo de sua vida útil? Qual impacto eu causo no meio ambiente?

É a partir dessas iniciativas e da conscientização dos clientes sobre as implicações das próprias ações que será possível que reparações sejam feitas na mesma medida que o consumo. Afinal, na natureza nada se cria ou se perde: tudo se transforma.


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