Em meio à pandemia e o crescimento expressivo do e-commerce em 2020, novas maneiras de reinventar as compras estão aparecendo no mercado. Uma delas, mais recorrente no exterior, mas que está chegando aos pouco no Brasil, é o chamado live commerce.
O conceito parte do princípio da comercialização de produtos ao vivo, mas de forma digital, e tem ganhado destaque ao longo dos últimos anos, sobretudo na China. A estratégia de venda deve aparecer como tendência para o Brasil em 2021, dado que o interesse pelo assunto obteve crescimento de 36,99% nos últimos 3 anos, segundo o índice de buscas no Google Trends.
Ainda que vire uma tendência, você pode se perguntar: afinal, o que é live commerce e por que usá-lo para impulsionar as vendas no Brasil?
A estratégia consiste em vender produtos por meio de transmissões ao vivo e o meio para realizar a compra é também online. O diferencial, além de apresentar a mercadoria de uma maneira diferente do e-commerce tradicional, é que a venda se torna mais humanizada e a forma de pagamento já fica diretamente integrada à live.
“Em um cenário em que as lojas ficaram fechadas e agora com um consumidor mais reticente de circular, o formato foi a solução para muitas empresas manterem o relacionamento mais próximo com seus consumidores”, explica Lyana Bittencurt, CEO do Grupo Bittencourt.
O digital ainda mais próximo do consumidor
Por ser mais humanizado e conceber uma demonstração mais semelhante à experiência do cliente na loja física, o live commerce também gerou um alto faturamento mundial em 2020: foram 170 bilhões de dólares, de acordo com a projeção da iResearch.
Para Lyana Bittencourt, as live-commerce se tornaram um canal importante de venda durante a pandemia: “É um formato mais eficiente do que o e-commerce tradicional porque o público tem a real sensação de entrega de conteúdo, que é criado por especialistas ou por influencers, e esse conteúdo é interessante e ‘comprável’ ao mesmo tempo”.
Apesar de ter se estabelecido principalmente durante a pandemia, um cenário no qual o consumidor se viu impedido de frequentar o varejo físico, a tendência do live commerce não deve ser passageira. É o que diz Márcio Machado, fundador da startup brasileira Stream Shop: “É uma ferramenta de produtividade não só durante a pandemia, mas para os negócios a longo prazo. Assim como as pessoas descobriram com o ‘boom’ das reuniões online que não precisam se deslocar sempre, as vendas via streaming seguirão o mesmo caminho de otimização de tempo e investimento das marcas em novas ferramentas de negócio. O Brasil tem um mercado bastante incipiente, mas com muito potencial a ser aproveitado”.
Experiência de confiança
Além do contato mais interativo, visto que durante as lives o consumidor entra em contato direto com influenciadores e comerciantes para retirar dúvidas, o live commerce também possibilita que as compras sejam efetuadas de forma mais orgânica e ágil.
“As marcas ganham autenticidade no relacionamento com o consumidor, criação de vínculo em tempo real e a prontidão do consumidor em comprar, ali mesmo durante a transmissão. A relação não ‘esfria’”, destaca Lyana.
O grande destaque para essa nova tendência é a procura pelo produto. Com uma transmissão ao vivo, o comprador que buscava a mercadoria pela internet, mas queria uma experimentação e “prova” de que o item tem bom custo-benefício, deixa de procurar reviews espalhados em fóruns ou sites e os observa direto na live.
O uso de influenciadores também entra no processo de confiança do cliente. A partir do conhecimento do público da marca, a escolha de um influenciador que seja relevante ao consumidor também impacta o live commerce de forma positiva.
No fim, o consumidor acaba confiando ainda mais na comercialização do produto, sem ter a sensação de assistir uma publicidade por obrigação ou ser impelido a comprar por recomendação do comércio.
A união entre varejo físico e o e-commerce
Outra importante estratégia que o live commerce traz é a possibilidade de usar os recursos do varejo físico e implementá-los durante as transmissões ao vivo. O espaço da loja pode ser o ideal para mostrar e testar produtos, assim como para exibir serviços.
“Os funcionários podem transmitir ao vivo da loja, que acaba funcionando como um showroom. Então, eles podem pedir para ver detalhes de algum produto, escolher o que querem que seja apresentado e construir a conversa a partir disso. Embora o e-commerce ofereça comodidade para os compradores, muitos ainda preferem a interação humana e a especificidade fornecidas com as compras na loja e o live commerce entrega isso”, pontua Lyana.
+ Notícias
Muita inovação e mais: como o e-commerce deve se portar em 2021