Cada dia mais, empresas brasileiras e seus modelos de negócio criativos estão no mapa global. A AlmapBBDO é um grande exemplo, não somente por seus premiados trabalhos publicitários, mas também por ter formado uma geração de líderes criativos que fortalecem continuamente a agência, orquestrando as condições ideais para que ela navegue os turbulentos mares das constantes transformações: dos novos e dinâmicos comportamentos dos consumidores às tecnologias exponenciais e inovações trazidas pela globalização. A excelência na jornada do consumidor está, também, relacionada a um excelente plano de sucessão e preparação das próximas gerações de líderes.
Nesse contexto, o futuro é tão desafiador quanto estimulante! Na Berlin School of Creative Leadership, nós acreditamos que o caminho é educar e empoderar líderes com habilidades e técnicas que os permitam refletir e compreender os paradoxos desse mundo complexo para então buscar soluções criativas que garantam sucesso em longo prazo.
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Recentemente, dividi minhas inquietações sobre a importância de formar a próxima geração de líderes criativos no Brasil com dois brilhantes criativos – Marcello Serpa, um dos fundadores da AlmapBBDO; e seu sucessor Luiz Sanches, sócio e diretor-geral de criação da agência, e graduado no MBA Executivo em Liderança Criativa na Berlin School.
Por que é essencial formar nas empresas uma cultura de sucessão que prepare a próxima geração de líderes?
MC: Assim como nos esportes, a força de uma empresa está tanto no time em campo quanto naqueles no banco de reservas. Surpreendentemente, é comum que a busca por líderes para um processo de sucessão comece olhando para fora, em vez de se planejar e formar líderes já familiarizados com os valores e o DNA da empresa. Isso coloca em risco tanto o futuro do negócio quanto a sua integridade criativa.
MS: Quando eu estava me preparando para deixar a AlmapBBDO, todos já notavam enormes mudanças na indústria criativa, e eu poderia facilmente contatar alguém do cenário digital, como Google ou Facebook. Mas eu acredito que a qualidade do trabalho produzido, no fim das contas, ainda está intrinsicamente relacionada à ideia criativa. Então, em vez de buscar alguém totalmente preparado tecnicamente, eu preferi escolher alguém cuja excelência do trabalho e as histórias contadas pudessem inspirar a criatividade nos demais.
LS: Líderes são como pilotos de grandes aeronaves. Se você não deixa alguém pilotar enquanto ainda está no ar, quando você deixar de voar, ninguém mais poderá levar esse avião aos céus. E isso não é sustentável. O Marcello me deu a oportunidade de pilotar o avião com ele ao meu lado. Seu conhecimento e sua sabedoria me guiando tiveram um valor inestimável, e isso me permitiu cometer erros e aprender com eles. Todo o processo de sucessão ocorreu em altitude de cruzeiro, e, se não tivesse sido dessa forma, eu não teria sido bem-sucedido quando ele deixou a agência em definitivo.
Por que unir criatividade e liderança?
MC: O desejo de romper o “status quo” e promover mudança está no DNA das mentes criativas que, com as ferramentas corretas, terão condições de analisar cenários e liderar estratégias em meio à disrupção. Líderes criativos criam alinhamento e tendem a desenvolver a habilidade de acompanhar a implementação de ideias.
MS: Uma característica essencial em qualquer líder criativo é não temer desafios. Pessoas criativas veem possibilidades além dos números e do risco. Eu acredito que precisamos de um pouco de “criatividade irracional” para nos jogarmos em desafios, sem nos preocuparmos demais com as consequências. Se você é muito racional, você não se joga! E eu vi que esse não era o caso do Luiz.
LS: Para mim, a Berlin School foi essencial nesse sentido. Toda vez que eu entrava na sala de aula, eu enxergava de forma mais clara, e conquistava a confiança para promover as mudanças no nosso modo de trabalhar quando voltava ao Brasil. O EMBA em Liderança Criativa foi um exercício cíclico de sair do meu ambiente, exercitar a capacidade de olhar – a mim e ao outro – para não temer grandes mudanças. Acredito que, desde então, eu venha fazendo esse exercício.
Qual é o maior desafio para os negócios criativos brasileiros na Era Digital?
LS: A forma como consumimos, especialmente conteúdo, mudou completamente. Em meio a esse tipo de transformação, devemos nos lembrar de extrair, dos valores da empresa, a essência do que fazemos, mantendo os padrões criativos. É preciso dedicar tempo para compreender o que ocorre nos negócios, assim como na vida das pessoas, para então buscar valores centrais que coexistem.
MS: No Brasil nós temos uma expressão e identidade nacional fortes, mas que não viajam tão longe, pois, de certa forma, estamos isolados. Temos que enfrentar o desafio de nos colocar mais no palco global. Para isso, sem dúvida, lidar com a incerteza é um grande obstáculo. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer nos próximos cinco ou dez anos. Em tempos assim, focar a educação é fantástico. Se você está em um ambiente no qual todos estão motivados a investigar e a compreender as mudanças adiante, naturalmente você estará mais preparado para mudar a si mesmo. Quando você se cerca de pioneiros, de pessoas curiosas, você está pronto, e sua empresa está pronta para o seu próximo passo.
*Michael Conrad é presidente da Berlin School of Creative Leadership