Os eventos do ecossistema inovabra Bradesco têm o propósito de ampliar o conhecimento nas áreas relacionadas a tecnologia, sociedade e negócios. A série Data-Leaders é uma iniciativa inédita da Data-Makers, com o apoio do inovabra, que investiga a visão de líderes de negócios do Brasil sobre temas emergentes. Trata-se da primeira série de estudos cujos respondentes são exclusivamente CEO’s e C-Levels e empresas de todos os portes do Brasil.
Na primeira pesquisa da série, o tema escolhido foi ESG. Segundo Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers, “a pesquisa busca extrair o máximo de qualidade em uma abordagem com um grupo de empresas parcerias, que legitima os dados dessa pesquisa”. A pesquisa foi realizada com 170 executivos (46% CEO e 54% C-level) de pequenas, médias e grandes empresas de diversos setores. Em gênero: 35% feminino 65% masculino.
A importância da ESG para o futuro dos negócios
Para 47% dos executivos pesquisados é “extremamente importante” o tema ESG, e 43% acham “importante”. Já 21% tem um “conhecimento razoável” sobre ESG e 16% tem “total conhecimento”. “Esse dado revela o estágio inicla do tema no nosso mercado de líderes e executivos, e que existe a necessidade de maior informação e capacitação sobre o tema ESG dentro das empresas brasileiras”, frisa Fudissaku.
Mesmo sendo um tema de alto reconhecimento e importância para os líderes, a pesquisa aponta que 65% consideram o tema ESG “subestimado”. “Ou seja, ainda há muito espaço para fazer o diagnóstico na organização e colocar em prática esses insights”, ponta Fudissaku.
Desempenho em ESG, motivadores e barreiras
De acordo com a pesquisa 42% dos executivos acham o desempenho da sua companhia em ESG razoável. Os CEOs foram mais conservadores na avaliação em comparação com executivos C-Levels.
Sobre a importância da adoção de práticas ESG dentro das organizações, a pesquisa revela alguns temas elencados pelos próprios executivos: imagem de marca (85%); reputação corporativa (65%); melhora na gestão da empresa (59%); redução de riscos/pressão de stakeholders (38%) e retenção de talentos (35%). Este último foi um tema observado pelos executivos com importância sobre “o quanto é estratégico para as companhias ter um processo seletivo relacionados aos valores ESG.
Sobre as barreiras elencadas, se destacam: falta de conhecimento 49%; pressão por resultado de curto praz0 48%; falta de profissionais preparados 46%; tema não é prioridade 45%; liderança não comprometida 41%.
Pensando na estrutura das organizações, a pesquisa mostra que a criação de comitês sobre o tema ESG é o primeiro passo para o culturamento. No entanto, a pesquisa traz um diagnóstico de que sendo 49% dos CEOS os tomadores de decisões e apenas 11% dos comitês disciplinares sendo também tomadores, o ESG acaba sendo de arbitragem do CEO da empresa. “É um tema que envolve muitas áreas, porém, esse reflexo aponta que na maioria dos casos as decisões sobre o tema ESG é da alta liderança”, avalia Fudissaku.
Expectativa de investimentos e referências
A maioria dos pesquisados (62%) dizem que manterá os investimentos no mesmo nível de hoje. Outros 30% pensam em aumentar esse valor e 8% responderam que diminuirão seus investimentos em ESG no próximo ano. O que denota um cenário urgente de mudança, segundo Fudissaku.
Em uma pergunta aberta aos executivos sobre quem seria referência em ESG para ele, quase um quarto não soube apontar uma empresa de referência em ESG. A Natura foi a empresa mais citada, com 25% das menções; Ambipar, Dengo e Unilever alcançaram 3%. Mas trata-se de um cenário “pulverizado”. De acordo com a pesquisa 43 empresas foram lembradas pelos entrevistados.
Destaques: os sinais do estágio inicial do Brasil
A pesquisa elencou também pontos principais sobre o estágio inicial dentro do cenário ESG no Brasil. São eles:
Investimentos – a importância declarada sobre o tema contrasta com a baixa propensão a aumentar os investimentos em ESG;
Falta de conhecimento em profundidade – que reflete em governança, investimentos e visão de longo prazo;
À procura de uma referência – em cenário pulverizado, quase um quarto dos entrevistados não souberam indicar uma empresa de destaque no tema.
Desafio ou utopia?
Por fim, a pesquisa denota que os executivos ainda estão tateando o tema ESG dentro de suas organizações. O que reflete uma necessidade de um aculturamento para um tema que deve ser encarado não apenas como “roupagem”, mas como um processo natural, que começa pelos stakeholders, liderança e se alastra por toda a empresa.
Desafio ou utopia? O ponto crítico dessa análise talvez resida no retorno financeiro para investimentos em ESG. Mesmo com algumas empresas do nosso mercado, como a Dengo, por exemplo, que já nasceram com a mentalidade e propósito de negócios com pegada ESG, a grande maioria ainda opera no modo tradicional: lucro a curto prazo, pagar contas e atender status.
Modelos de negócios e lideranças voltadas a reverem já seu modus operandi e requilibrar resultados financeiros com entendimento sobre a importância da sustentabilidade para os próximos anos de consumo, além do cuidado com a cadeia de valor e metas social, ambiental e de governança e a experiência do cliente interessado em marcas que prezam esse tema, parece só mais uma discussão de futuro para executivos do Brasil.
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